
Toyota cria empresa europeia de mobilidade partilhada

O investimento da Toyota em novos serviços de mobilidade vai chegar à Europa através de uma startup criada para abordar o mercado com uma estrutura mais ágil, ao mesmo tempo que aproveita o legado e o ecossistema da construtora japonesa. Segundo Timothy Waltniel, diretor de operações da nova Toyota Connected Europe (TCEU), a empresa está a ser lançada "para suportar a crescente adoção de novos negócios de mobilidade na Europa, com produtos e serviços desenhados para as necessidades únicas do mercado." A intenção é criar ofertas que façam sentido na região, onde a rede de transportes está bastante mais desenvolvida que nos Estados Unidos e a densidade populacional é maior.
O foco estará no desenvolvimento de software e tecnologias de mobilidade, o lançamento de novos negócios de mobilidade partilhada e gestão de frotas e a gestão das operações europeias do Toyota Big Data Center. Serviços como a partilha de carros e boleias poderão interessar tanto a clientes particulares como a empresas e até entidades governamentais. A base tecnológica será a Plataforma de Serviços de Mobilidade (MSPF na sigla inglesa), que consiste num ecossistema digital na nuvem com acesso a uma série de ferramentas. Esta plataforma permitirá oferecer apps de partilha de carros, partilha de boleias ao estilo Uber e Cabify e entrega remota de veículos, entre outros. É um sinal claro de que a construtora quer estar preparada para a viragem da indústria automóvel impulsionada pela inteligência artificial, condução autónoma e economia de partilha.
"A TCEU vai ser parceira da Toyota Motor Europe e trabalhar com retalhistas e distribuidores – incluindo Toyota Caetano para Portugal – em toda a Europa", adianta Waltniel. Estará sediada em Londres, onde há um boom significativo de soluções para smart cities e fácil acesso a cientistas de dados, engenheiros e programadores de software. Nesta fase, a intenção é contratar entre 35 a 50 destes especialistas e começar operações com um investimento de 5,1 milhões de euros. O vice presidente executivo da Toyota Motor, Shigeki Tomoyama, sublinhou a relevância que esta startup terá para a empresa japonesa: "A Toyota Connected Europe será uma importante unidade de negócio na Europa no que toca à promoção da nossa estratégia de usar a Plataforma de Serviços de Mobilidade da Toyota." No futuro, acrescentou, a ideia é alavancar a tecnologia de análise de dados para "trazer uma experiência de mobilidade mais diversa e rica aos clientes na Europa."
Waltniel diz ainda que serão assinadas várias parcerias, algo que a construtora já fez noutras geografias. Por exemplo, na América do Norte estão em vigor acordos de mobilidade com a Servco Pacific (seguros automóveis) e com Avis Budget (aluguer low-cost) e na Ásia a construtora assinou parcerias com empresas de táxis. Agustin Martin, que será CEO da startup, sublinha que "a Toyota Connected Europe é o próximo passo no crescimento continuado da Toyota como uma companhia de mobilidade global."
Michigan terá pista de testes para autónomos
Em janeiro, a Toyota surpreendeu a audiência da feira tecnológica CES em Las Vegas quando revelou uma carrinha autónoma desenhada especialmente para transportar pessoas e entregar encomendas. Chama-se e-Palette e conta com uma rede interessante de parceiros dos mais variados setores interessados em explorar as novas possibilidades da mobilidade autónoma, entre os quais a Amazon, DiDi, Mazda, Uber e Pizza Hut. Agora, a construtora vai reforçar o investimento nesta área de negócio com a construção de uma pista de testes para veículos sem condutor, no estado do Michigan, Estados Unidos. O projeto localiza-se em Ottawa Lake e tem como objetivo testar situações extremas para os veículos que se vão conduzir sozinhos e que são demasiado perigosas para pôr em circulação nas estradas públicas. A iniciativa surge depois de a Toyota ter suspendido os testes-piloto que estava a realizar em estradas dos estados da Califórnia e do Michigan, no rescaldo de um acidente fatal com um carro autónomo da Uber no Arizona, em março último. "Esta nova localização dar-nos-á maior flexibilidade para personalizar cenários de condução, que vão levar a nossa tecnologia ao limite e colocar-nos mais perto de conceber um veículo incapaz de causar um acidente", explicou Ryan Eustice, vice presidente de condução autónoma do Toyota Research Institute. A pista deverá estar operacional já em outubro, antecipando uma realidade que muitos acreditam começar a banalizar-se já nos próximos anos.Ana Rita Guerra, em Los Angeles