
Cascais já tem um veículo autónomo, mas quer ter doze

Está inaugurado o primeiro circuito regular de um veículo autónomo em Portugal, no concelho de Cascais. A viagem inaugural foi em maio, entre a Nova School of Business & Economics e a estação de Carcavelos. Ao todo, o veículo percorreu 750 metros, a dez quilómetros por hora, e teve como primeiros passageiros o secretário de Estado adjunto e da Mobilidade, José Mendes, e o presidente da Câmara Municipal de Cascais.
Carlos Carreiras esclareceu que, até final do ano, cada viagem custará um euro, mas que também estão incluídas nos passes metropolitanos. A partir de 2020 a viagem será gratuita.
Este é o primeiro de 12 veículos autónomos que a autarquia espera adquirir para satisfazer os mais de 70 parques do concelho. O próximo será fabricado por uma empresa de Coimbra para garantir o percurso entre a estação de comboios e o Centro de Saúde de São João do Estoril.
José Mendes reforçou a ideia de que já existe enquadramento de viagens de autónomos em espaços controlados. "Este espaço é segregado e estamos a fazer caminho", disse o governante.
O secretário de Estado da Mobilidade lembrou que o governo nomeou um grupo de trabalho para estudar dois aspetos da condução autónoma, numa primeira fase, para perceber como é que se cria zonas livres de teste predefinidas, onde estes veículos podem circular. José Mendes acredita que "teremos resposta a isso nos próximos meses, saberemos que alterações legislativas teremos de fazer para incrementar as possibilidades e a segurança das zonas de testes".
Depois, é saber que alterações legislativas serão precisas a prazo, para que estes veículos cheguem às vias comuns em espaços abertos sem restrições, que é algo que está a ser trabalhado e estudado em todo o mundo.
O governante está convencido de que haverá apoios na linha daqueles que já existem para os veículos descarbonizados. José Mendes adianta que "vamos acrescentando valências à tipologia de apoios, mas de certeza que temos prioridades". Tratando-se de veículos elétricos, "não excluo de forma nenhuma que a título experimental, porque é isso que estamos a viver ainda, possa haver algum apoio num futuro breve".
Para cumprir o ambicioso plano de mobilidade de Cascais, que culminará na gratuidade de transportes rodoviários no concelho já em 2020, Carlos Carreiras diz que é preciso escalar soluções como a do primeiro veículo autónomo com capacidade para onze passageiros, que pode ser usado a um euro por viagem, ou mediante a apresentação do passe Navegante.
O autarca lembra que este projeto está numa fase inicial de teste, mas "a ideia é escalar, e basta pensar que Cascais é o quarto município do país em termos populacionais que tem 72 lugares. Isto tem de ser pensado numa lógica integrada, desde o estacionamento à mobilidade suave e à mobilidade mais pesada".
Para Carlos Carreiras, "a questão agora é o município ir gradualmente fazendo o investimento para dar respostas que possam beneficiar o maior número possível de cidadãos: a minha dúvida aqui é saber em quantos anos se faz esse investimento", precisou. O concelho de Cascais, com veículos desta natureza, pode chegar claramente a uma dúzia de unidades e ficará muito bem abastecido, considerou.
Para já, Cascais quer um veículo made in Portugal, fabricado em solo nacional e com inovação portuguesa. Um segundo percurso está já estudado e é uma questão pacífica, entre a estação e o Centro de Saúde de São João do Estoril.
Este tipo de investimento separa-se em dois componentes: 250 mil euros, que é o custo de aquisição de um veículo autónomo destes, e tem agregado durante um prazo de cinco anos toda a manutenção que é exigida para um veículo desta natureza, que são outros 250 mil euros.
Ana Maria Ramos