A corrida da mobilidade elétrica vai ter de acelerar

2021
23-09-2021

Apesar do caminho já feito, a rede de carregamentos precisa de crescer com as tecnologias inteligentes a acompanhar a sua evolução, defenderam os três convidados na 5ª sessão do Portugal Mobi Summit.

Apesar do caminho já feito, a rede de carregamentos precisa de crescer com as tecnologias inteligentes a acompanhar a sua evolução, defenderam os três convidados na 5ª sessão do Portugal Mobi Summit.

Infraestrutura mais densa e disseminada por todo o país, pontos de carregamento rápidos e ultrarrápidos para viagens de longa distância sem obstáculos, experiências cada vez mais digitais e, claro, a promessa do 5G para melhorar a gestão e a eficiência na mobilidade elétrica foram as paragens obrigatórias da 5ª sessão do Portugal Mobi Summit, transmitida esta tarde a partir dos estúdios da TSF, e que juntou Gonçalo Castelo Branco, diretor de Mobilidade Inteligente da EDP Comercial, Franco Caruso, sustainability manager da Brisa e José Pedro Nascimento, diretor de Engenharia e Operações da Altice Portugal. O futuro dos transportes passa fundamentalmente pela rede de carregamentos e pelas tecnologias inteligentes capazes de fazer a transição para as energias limpas e atingir, por fim, a descarbonização nas próximas décadas. Essa é uma boa parte do caminho, defenderam os participantes da última sessão PMS antes da grande cimeira Portugal Mobi Summit, entre os dias 20 e 22 de outubro, no Palácio da Cidadela e na Casa das Histórias, em Cascais. A eletrificação da mobilidade é o epicentro da mudança – esse é um ponto consensual entre os três convidados. Bastará recordar o estudo da organização europeia Transport and Enviromental, em que se conclui que o veículo elétrico, no seu período total de vida, emite três vezes menos CO2 do que um carro equivalente movido a combustível. "Esse valor é muito significativo para mostrar por que é a eletrificação a forma mais eficiente para descarbonizar as emissões do setor dos transportes", defende Gonçalo Castelo Branco. Não será por acaso a tendência crescente no mercado dos veículos elétricos. Em Portugal, o total de vendas no primeiro semestre atingiu os 16,5%, com as novas viaturas vendidas a chegar muito perto dos 25%, em agosto. A regulamentação europeia, cada vez mais robusta, a maior consciência e responsabilidade ambiental, a diversificação dos modelos automóveis e a convergência de preços estão a acelerar a transição, mas ainda há algum caminho a fazer. Para cada 22 carros elétricos que circulam no país, há um ponto de carregamento, enquanto na média europeia este rácio diminui para 11 veículos: "Ainda assim, houve uma grande evolução em Portugal, tendo em conta que os 3750 pontos de carregamentos públicos existentes hoje na rede MOBI.E representam praticamente o dobro face ao ano anterior", explica o diretor da Mobilidade Inteligente da EDP Comercial.

Coligação de esforços

Investir na infraestrutura será, por isso, uma das estratégias centrais para cortar a meta das zero emissões nos transportes. E esse é o esforço que tem sido feito, salienta Franco Caruso, recordando a "coligação" entre a Brisa e os principais operadores do setor energético para criar a rede de carregamentos rápidos e ultrarrápidos nas autoestradas da Via Verde Eletric. Para lá das deslocações urbanas, as viagens de longa distância são também um desafio com os postos rápidos e ultrarrápidos a darem um grande contributo para eliminar a ansiedade entre os condutores de o carro elétrico não ter autonomia suficiente para chegar ao destino. "A dimensão comportamental é muito importante para o sucesso da transição energética e tudo se torna mais fácil quando a mudança surge como um processo natural, não provocando grandes interferências nos hábitos, nas paragens e nos tempos de viagem", adverte o sustainability manager da Brisa, recordando que 42% dos carregamentos em postos públicos são feitos na autoestrada. A grande expectativa, no entanto, é a chegada do 5G em Portugal, mas José Pedro Nascimento, diretor de Engenharia e Operações da Altice Portugal, ressalva que esta é mais uma tecnologia a acrescentar a outras tantas que já estão a ajudar a desenvolver o ecossistema da mobilidade sustentável. O novo padrão de tecnologia de quinta geração para redes móveis e banda larga poderá ter uma infinidade de aplicações, mas o que parece ser mais relevante são as funções que assumem na maior eficiência e gestão dos recursos. E o que pode, então, fazer o 5G pelo setor dos transportes? "Desde logo, abrir a possibilidade de conectar muito mais dispositivos em plataformas e com uma latência muito mais baixa", explica o responsável. Essa capacidade de transmitir, armazenar e tratar grandes volumes de dados através da rede é o ponto central para melhorar a gestão inteligente de frotas comerciais, de tráfego ou de transportes públicos, por exemplo: "Quando tivermos essa comunicação a funcionar em pleno com as plataformas, poderemos alcançar enormes ganhos em eficiência na mobilidade elétrica."

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