Alemanha limita apoios aos híbridos plug-in para apressar a transição elétrica

2021
24-08-2021

Distâncias maiores percorridas em modo elétrico é a imposição do governo alemão para travar o uso inadequado destes modelos híbridos plug-in.

Distâncias maiores percorridas em modo elétrico é a imposição do governo alemão para travar o uso inadequado dos modelos híbridos plug-in.

A partir do próximo ano, os condutores dos carros elétricos híbridos plug-in, na Alemanha, só poderão recorrer aos apoios do Estado se percorrerem, no mínimo, 60 km em modo elétrico. A medida representa mais 10 km face às imposições atuais, mas a fasquia será ainda mais elevada em 2025 com a distância a aumentar para 80 km. A decisão surge na sequência de várias críticas ao uso inadequado destes veículos, levando, inclusive, a União Europeia a prometer políticas mais restritivas à sua comercialização. Os híbridos, conhecidos como como PHEV (sigla em inglês para Plug-In Hybrid Electric Vehicle) têm sido alvo de diversos estudos, onde se demonstra que as baterias não são recarregadas com a regularidade desejável nem usadas para os fins recomendados. O relatório da Federação Europeia de Transportes e Ambiente, divulgado em finais do ano passado, teve, aliás, um grande impacto não só junto de Bruxelas como também de organizações ambientais. Os especialistas concluíram que a função destes modelos tem sido justamente oposta aos objetivos para os quais foram concebidos. A sua utilização elétrica está mais generalizada nos trajetos diários entre casa e escritório, enquanto o uso do motor de combustão interna se tornou frequente em viagens longas de férias ou fins de semana. Facilitar a transição para a mobilidade elétrica é a função dos veículos híbridos, que começaram a ser produzidos em série já na década passada. Os incentivos à sua compra acabaram por surgir num contexto em que os modelos ainda não tinham grande autonomia e a rede de carregamento era bastante deficiente. Os avanços nas tecnologias e nas infraestruturas feitos ao longo dos últimos anos é o que também leva agora o governo alemão a recentrar o foco e a apertar mais as regras. Desde logo porque os PHEV registam vendas superiores aos modelos 100% elétricos. As novas imposições pretendem dar um sinal de como a indústria automóvel alemã deverá encarar os tempos mais próximos. Isto é, ou desistem desta tecnologia ou fabricam baterias maiores nos modelos híbridos, levando os condutores a carregá-la com mais frequência. As medidas tomadas pelo governo de Berlim surgem agora como um caminho que os restantes estados-membros da UE poderão vir a seguir. Em Portugal, a legislação tem algumas semelhanças ao regime atualmente praticado na Alemanha. O Estado impõe uma distância mínima de 50 km em modo elétrico e emissões abaixo dos 50 gramas de CO2/km (conhecida como regra 50/50). Em todo o caso, os veículos híbridos plug-in já têm o seu fim anunciado no espaço comunitário. A União Europeia só irá considerá-los como veículos de baixas emissões até 2030. E a partir de 2035, os construtores só poderão vender veículos zero emissões. Significa isto que os modelos a gasolina e a gasóleo – mesmo os que possuem alguma componente de eletrificação - vão ser proibidos.

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