O carro ainda é o meio de transporte preferido na maioria dos países

2022
14-07-2022

No pós-pandemia foi na Índia e no Sudeste asiático que mais cresceu a intenção de comprar carro. No Ocidente a maioria ainda não dispensa o automóvel, mas é onde cada vez mais pessoas o faz, revela estudo da Deloitte sobre o setor automóvel depois da Covid

De setembro a outubro de 2021 a consultora Deloitte inquiriu mais de 21 000 consumidores em 25 países para explorar impactos no sector automóvel da pandemia e das novas tecnologias, nomeadamente das plataformas como a Uber ou a Bolt, do carsharing, entre outras novas tendências. 

Entre outras conclusões, o estudo confirma que o carro particular continua a ser o modo de transporte favorito nos mercados analisados pelo estudo, particularmente nos Estados Unidos (é a preferência de 76% dos inquiridos). As boleias partilhadas e o car-sharing não conseguiram superar esta tendência durante o pico da pandemia. 

O inquérito em 25 países também conclui que a atração dos consumidores por carros elétricos centra-se na ideia de menores custos, combinada com a preocupação com as alterações climáticas e a possibilidade de redução de emissões ; que a vontade de pagar por tecnologia automóvel avançada permanece limitada; e, finalmente, que a experiência de comprar um veículo num stand, autorizado continua a prevalecer embora se registe uma tendência de crescimento das aquisições online no sector.

O impacto da Covid-19 nas intenções dos consumidores em comprar um carro é maior na Índia e no mercado do Sudoeste Asiático, em países onde os consumidores querem evitar o transporte público, por regra sobrelotado nesses países. Na Índia 64% assumem  no inquérito da Deloitte que vão comprar um automóvel, contra 36% que não tencionam comprar. No Sudoeste Asiático essa relação estatística é de 63% contra 37%, respetivamente. 

Na  lista de países onde a tendência é a oposta está a China, onde 56% dos consumidores não pretende comprar um automóvel enquanto 44% quer fazê-lo. Na República da Coreia as mesmas tendências são de 58% contra 42%, respetivamente; nos EUA 69% não querem comprar um carro contra 31% que assumem querer; no Japão a mesma relação de intenções sobe para 70% contra 30% e na Alemanha de 75% para 25%. 

Elétricos versus tradicionais

A tendência de aquisição de carros elétricos justifica-se pela ideia de que são mais económicos nas deslocações e ao mesmo tempo contribuem para a redução das emissões de gases poluentes, preocupação reforçada pelas alterações climáticas nos 21.000 inquiridos em 25 países. Ainda, pela ideia de que a experiência de condução de um elétrico é melhor. 

O interesse dos consumidores por  veículos elétricos de carregamento de bateria - Battery Electric Vehicles (BEV) - é maior na Coreia do Sul (23%), China (17%) e Alemanha (15%), enquanto  os consumidores japoneses preferem os elétricos híbridos ou Hybrid Electric Vehicles (HEV’s) numa expressão de 37%. 

Os veículos tradicionais (Internal Combustion Engines – ICE) ainda dominam as intenções de compra nos Estados Unidos, com 69% dos norte-americanos inquiridos a assumir que o próximo véiculo que vão adquirir será movido a gasolina ou gasóleo, seguidos dos sul-coreanos nessa intenção (66%) e dos chineses e indianos (ambos com 58%). Na República da Coreia, esse indicador da intenção de compra de um carro tradicional desce para  37% , no Japão para 39% enquanto na Alemanha é de 49%. 

Na mobilidade ganha o carro particular

Na análise aos serviços de mobilidade, o estudo da Deloitte conclui que os carros particulares são os preferidos nos mercados analisados pelo estudo, particularmente nos Estados Unidos (76%). 

O transporte público é o segundo preferido sobretudo na Coreia do Sul (31%) e Japão (27%). 

Nos EUA 76% preferem o veículo pessoal; 6% o táxi/ plataformas Uber/Bolt;  4% a partilha de carro ou car share; 5% a scooter ou bicicleta elétrica partilhada; 3% a bicicleta pessoal, 4% o transporte público e 2% outros. 

Curiosamente, na Alemanha, onde o uso da bicicleta é muito alargado, 67% dos inquiridos também assumiu que prefere o veículo particular, enquanto 15% optam pelo transporte público e 9% pela bicicleta pessoal. 

Na China também 60% dos consumidores inquiridos assumiram preferir o carro particular, contra 10% a preferirem o táxi ou as plataformas e outros 10% a optarem pelas scooters ou bicicletas elétricas partilhadas.

Rute Coelho

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