
Aviação europeia teve aumentos de preços abaixo da inflação

As companhias aéreas recuperaram a quase totalidade da atividade anterior à pandemia de COVID e isso foi conseguido com aumentos de tarifas a ritmo inferior à subida de preços na economia.
O mercado europeu da aviação continua a aproximar-se dos valores de 2019, com um tráfego inferior em apenas 3,6% daquele que existia antes da pandemia. A recuperação da atividade das companhias aéreas está a ser conseguida em simultâneo com preços a crescer abaixo da taxa de inflação média. Em junho, o valor das tarifas aéreas estava 16% acima dos níveis anteriores ao período de COVID, mas no mesmo período de quatro anos, a inflação na UE somou 20%.
Estas são as duas conclusões principais dos dados divulgados pela Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), a maior organização do setor a nível mundial a representar os interesses das companhias de aviação. A recuperação da pandemia está praticamente concluída e os passageiros beneficiaram de um ambiente muito competitivo. "O transporte aéreo recuperou de forma muito robusta e encontra-se num caminho que permitirá em 2024 exceder o nível de 2019", afirmou Willie Walsh, diretor-geral da IATA, citado num comunicado da organização.
A recuperação do transporte aéreo está ligada à maior concorrência no mercado, reconhecem os operadores. Os passageiros europeus estão a viajar mais por beneficiarem de maior escolha de rotas e preços atrativos. Este resultado foi conseguido apesar da instabilidade nos preços do combustível de aviação e dos aumentos salariais, adiantou o mesmo responsável.
Além dos combustíveis mais caros, por causa da Guerra na Ucrânia, as companhias enfrentaram as dificuldades provocadas pelos fortes aumentos nos encargos com os serviços aeroportuários. A organização internacional reconhece a importância do papel regulador da União Europeia e elogia a reforma que foi feita na política sobre slots aeroportuários, que criou um equilíbrio entre estabilidade de horários e acesso de novas companhias.
A indústria de aviação defende igualmente uma reforma na legislação comunitária sobre proteção do consumidor. Existe uma proteção legal dos passageiros imposta pela União Europeia e as indemnizações por atrasos ou cancelamentos de voos ficam a cargo das companhias. A IATA considera que esta regulação deve ser alterada para incluir um modelo de "responsabilidade partilhada" que inclua os "monopólios naturais" dos serviços de navegação aérea e dos aeroportos.
Segundo as companhias aéreas, estes dois setores monopolistas têm capacidade para limitar a concorrência, sendo necessária regulação que permita baixar as taxas aeroportuárias. Os serviços de navegação aérea (sejam públicos ou privados) são financiados pelas transportadoras, mas estas são igualmente as únicas responsáveis pela indemnização aos passageiros, mesmo que o atraso do voo seja provocado por uma falha nos sistemas de navegação aérea. O mesmo se aplica no caso de uma greve no aeroporto ou de uma infraestrutura ineficiente.
Os dados conhecidos mostram que os atrasos estão a aumentar, com os respetivos custos dirigidos às companhias aéreas. Isto estará a ter impacto na operação de empresas de países exteriores à UE. Por tudo isto, a legislação deve ser revista, conclui a IATA: as compensações aos passageiros passariam a ser distribuídas pelos diferentes segmentos da indústria, segundo a respetiva responsabilidade.