Europa acelera infraestrutura para carros elétricos

2023
13-07-2023

Parlamento Europeu aprovou legislação que visa reduzir a ansiedade dos condutores com a autonomia dos seus veículos. Por lei, haverá mais postos de carregamento nas estradas principais.

Os veículos a bateria não emitem gases com efeito de estufa e a sua implantação no mercado automóvel facilita o cumprimento de metas exigentes de redução das alterações climáticas. Por 514 votos a favor e apenas 52 votos contra, o Parlamento Europeu aprovou uma lei que pretende acelerar a expansão da rede continental de carregamento para carros elétricos. O objetivo é eliminar a ansiedade dos condutores em relação à autonomia dos seus carros.

A adesão dos europeus aos veículos elétricos continua a ultrapassar as expectativas e calcula-se que as vendas já estejam acima de um veículo sem emissões por cada cinco automóveis comercializados. O mercado europeu tem diversidade de modelos e a tecnologia das baterias evolui depressa, mas há um problema a ameaçar o futuro do carro elétrico: continuam a surgir reportagens e queixas sobre as dificuldades de uma viagem longa, sobretudo os riscos de ficar sem energia a meio do caminho. Esta questão pode levar muitos consumidores a desistirem de uma compra.

As novas regras europeias tornam mais simples o carregamento dos veículos. Encher a bateria será mais rápido e fácil de pagar. A frequência obrigatória dos postos aumenta. É criado um limite de 60 quilómetros entre dois postos de abastecimento nas estradas principais, na rede de corredores que liga toda a Europa (Ten-T, no jargão de Bruxelas), a qual inclui em Portugal a ligação entre Lisboa e Porto, além de dois acessos a Espanha a partir da zona litoral.

Até 2026, estas estradas terão postos de carregamento de pelo menos 400 Kw (Kilowatts) para veículos de passageiros e comerciais; em 2028, o mínimo será de 600 Kw. Para camiões e autocarros, nas mesmas estradas, o intervalo mínimo entre postos será de 120 quilómetros e os carregadores terão capacidade de 1,4 a 2,8 Mw (Megawatts). Também há novas regras para veículos a hidrogénio (separação máxima de 200 quilómetros entre postos de abastecimento, até 2031). Os viajantes terão direito a informação detalhada e acesso a bases de dados.

A ampla margem da aprovação da nova legislação significa que não deverá haver obstáculos no Conselho Europeu à adoção final. O plano vinculativo entrará em vigor seis meses depois da aprovação nas instituições europeias.

Ambições maiores
A nova legislação faz parte de um ambicioso pacote de leis que a UE está a aprovar em vários domínios da economia e do ambiente, visando atingir em 2030 uma redução de 55% nas emissões de gases com efeito de estufa, face aos valores registados em 1990. A UE pretende mexer em inúmeros setores, impor fontes renováveis de energia ou princípios de economia circular, eliminar a poluição da atmosfera, criar condições para a mobilidade sustentável, promover a biodiversidade.

A meta de 2035 será um ponto intermédio, pois em 2050 os países europeus querem atingir a neutralidade carbónica. Na prática, a Europa estaria livre de combustíveis fósseis e deixaria de contribuir para as alterações climáticas no planeta.

Este projecto para uma geração terá nos automóveis um dos elementos cruciais, já que os veículos que usamos representam 15% das emissões. A mobilidade sem emissões depende do desenvolvimento e introdução de tecnologias ainda não inteiramente amadurecidas, havendo um calendário ambicioso e apertado: em 2035, por lei, deixam de se fabricar carros com motores de combustão interna e, até essa data, terão de baixar de forma drástica as emissões dos veículos tradicionais que saírem das fábricas.

Entre 2030 e 2034, os novos carros a motor de combustão terão de emitir menos 55% de gases com efeito de estufa, em comparação com os motores de 2021.

A indústria automóvel tem protestado contra algumas destas regras e parece querer apostar no carro elétrico, apesar das baterias terem ainda pouca autonomia e excesso de peso. Uma hipótese permitida pela União Europeia será a de veículos tradicionais movidos a combustível sintético sem emissões de dióxido de carbono, mas o futuro desta tecnologia é incerto.

Segundo os críticos da legislação, as empresas chinesas estão a aproveitar bem as decisões de Bruxelas, pois lideram o mercado das baterias. Há também sinais de que algumas matérias-primas, incluindo minerais críticos, podem escassear.

Luís Naves  

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