
Lisboa admite fiscalizar condutores com videovigilância

O vice-presidente da CML, Filipe Anacoreta Correia, admitiu, em entrevista Mobi Summit, que “ainda há muito a fazer” para atingir a neutralidade carbónica em 2030. Haverá cortes de trânsito em certas áreas e uma das medidas para o garantir pode passar pela videovigilância ao comportamentos dos condutores.
A Câmara de Lisboa tem tomado várias medidas para reduzir o número de carros que circulam no centro histórico da cidade. Uma delas é “a proibição de tráfego de atravessamento, ou seja, não se passar num território para se chegar a outro", sugerindo, por exemplo, aos automobilistas que não passem pela Baixa de Lisboa para chegarem ao Parque das Nações.
O vice-presidente com o pelouro da Mobilidade na Câmara de Lisboa reconheceu, contudo, esta sexta-feira, que “a medida só será eficiente se tivermos um sistema de vigilância automática que permite garantir o seu cumprimento”. “Temos de ter uma plataforma de câmaras digitais capazes de fiscalizar alguns dos comportamentos dos condutores”, defendeu, adiantando que a autarquia "está a encetar esse caminho" apesar de ser uma medida polémica.
"Queremos introduzir proibições para não residentes de entrada em zonas na cidade. Isso só é possível se tivermos câmaras. Havia a ideia que era ilegal termos essas câmaras e nós achamos que não e estamos a trabalhar nesse sentido, a garantir a homologação desses sistemas e a sua implementação", explicou.
Anacoreta Correia admitiu que “há muito a fazer” para atingir as metas carbónicas europeias até 2030, um trabalho que não dependerá só das autarquias locais. “Uma das perplexidades ou exigências deste nosso papel é que algumas das áreas na cidade de Lisboa não dependem exclusivamente da câmara”, elencou o vereador da Mobilidade, dando alguns exemplos de áreas onde o Governo pode atuar.
“A aviação tem um enorme impacto em termos de emissões carbónicas e é uma decisão central do Governo, assim como a eletrificação dos navios, que têm um impacto grande também”, exemplificou. O autarca lembrou ainda a importância de projetos como "a faixa BUS que poderá ligar Cascais a Lisboa, um projeto que poderia retirar muitos carros de Lisboa" e "o metro de superfície com ligação a Oeiras".
O autarca garantiu que a Câmara de Lisboa está empenhada em reduzir as emissões poluentes, salientando algumas medidas municipais como "a gratuitidade dos transportes públicos, que trouxe cerca de 45 mil utentes" e "o investimento na frota da Carris".
"Queremos chegar a 2026 com 80% da frota com energia limpa. Acho que se houvesse maior apoio dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência, como aconteceu noutras cidades de outros países, conseguiríamos antecipar o calendário e, em 2026, poderÍamos ter 100% da frota como acontece com Madrid".
Carla Aguiar/Sofia Cristino