
Forthing - Apenas mais uma marca chinesa?

Começa a ser difícil acompanhar o ritmo de entrada de novas marcas automóveis “made in China” no mercado nacional. A Forthing, parte do grupo Dongfeng, é a mais recente e surge com propostas competitivas em versões híbridas e 100% elétricas.
A Forthing chega a Portugal com 3 modelos. O SUV médio Friday, com versões híbridas e 100% elétricas, o monovolume de 7 lugares U-Tour, disponível apenas com motor térmico a gasolina, e o sedan elétrico S7, que já conduzimos e que tem bons argumentos para fazer mossa na concorrência.
Esta nova marca nasceu em 2001 como Fengxing e adopta a designação Forthing para o mercado global, com presença em diversos países europeus e na América Latina. É parte do Dongfeng Motor Corporation, um dos quatro maiores fabricantes automóveis estatais da China, juntamente com a SAIC Motor, o FAW Group e a Changan Automobile. A marca é a aposta da Dongfeng para os segmentos de gama média e superior, com foco em veículos familiares e SUV electrificados (híbridos ou 100% elétricos).
A Forthing entra em Portugal pela mão da Auto Industrial, um dos mais antigos grupos no setor automóvel nacional, com atividade desde 1920, estando assim assegurada alguma tranquilidade num tema que preocupa quem equaciona uma marca desconhecida como a Forthing. O acompanhamento pós-venda e a assistência estão em boas mãos.
Conduzimos o Forthing S7 há dias - precisamente o automóvel das fotos - e este novo elétrico chinês deixou boas impressões. Comecemos pelo preço usando uma expressão gasta, mas que aqui faz algum sentido. É, de facto, um “preço de combate”. A Forthing pede 43 mil euros por este sedan com quase 5 metros de comprimento. Para empresas ou empresários em nome individual, que possam abater o IVA, este valor desce para os 34.900€. É um bom negócio.
O S7 aposta na eficiência e no conforto. Com um coeficiente aerodinâmico (Cx) de 0,191, a Forthing afirma que este é o automóvel mais aerodinâmico do mercado. Olhando para ele, de fora, fica clara essa opção, com linhas puras, minimalistas, e um perfil suave que termina quase em forma de gota. Ao volante, em estrada, ganha-se em silêncio e nos consumos.
Este novo chinês faz um uso muito poupado da bateria LFP de 56,8 kW, anunciando um consumo de 15,8 kWh em ciclo WLTP combinado. Num percurso com algumas centenas de quilómetros em estradas nacionais, com pouca autoestrada e cerca de 40% de cidade, chegámos ao final com 14,6 kWh de média, a conduzir num ritmo descontraído. Nada mau. A Forthing anuncia uma autonomia de 420 km em ciclo combinado e de 581 km em ambiente urbano.
Ajuda à eficiência que o S7 não tenha ambições de bater recordes de aceleração ou velocidade. Não é que seja lento, mas anda longe do que a concorrência direta oferece em termos de potência e binário. O S7 “fica-se” pelos 209 cv e 310 Nm de binário, o que chega e sobra para viajar tranquilamente e fazer ultrapassagens em segurança.
No interior e tendo em conta o preço, o S7 oferece um ambiente típico dos construtores chineses. Muito couro sintético, bons materiais e uma montagem aparentemente sólida, sem ruídos parasitas. Depois, há um enorme ecrã central que controla todos os sistemas do carro - com integração Apple CarPlay e Android Auto de origem -, e equipamento acima da média, que inclui, por exemplo, bancos aquecidos e ventilados, e câmaras e sensores 360º. A oferta de sistemas ADAS, de apoio à condução, está ao nível do que é padrão atualmente no mercado, não se sentindo a falta de nada.
Duas notas negativas, ainda assim, para o interior. A posição de condução não é das melhores, com a parte de baixo do assento do condutor a ficar sempre ligeiramente inclinada para a frente, e o sistema operativo do tal ecrã central está claramente a precisar de atualização. As traduções para português nem sempre resultam, com algumas indicações pouco claras sobre o que estamos ao certo a alterar nos sistemas de ajuda à condução, por exemplo, e alguns parâmetros que
teimam em voltar à posição de origem sempre que desligamos o carro. A regulação do nível de travagem regenerativa é um desses exemplos regressando sempre ao zero, o que obriga a uns quantos toques no ecrã sempre que iniciamos uma viagem.
Em suma, este S7 pode muito bem significar uma entrada de leão da Forthing no mercado nacional - o símbolo da marca é um leão - oferecendo conforto, espaço, qualidade de materiais, equipamento, eficiência e autonomia, tudo com um preço verdadeiramente competitivo.
Paulo Tavares (Texto)