Metro inaugura maior banco de testes de fibra ótica do mundo

Notícias (geral)
28-10-2025

A cerimónia de abertura do 1º troço deste projeto do ISCTE está marcada para dia 3 de novembro, com a presença do  ministro da Economia e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, e conta com uma visita técnica à Estação da Cidade Universitária, um dos pontos onde os equipamentos vão estar visíveis.

 

Atualmente, 99% da transmissão mundial de dados, cruzando continentes e oceanos, é feita em cabos com fibras óticas de um só núcleo, mas uma equipa de investigadores do ISCTE conseguiu a colaboração do Metropolitano de Lisboa para instalar o primeiro banco de testes de fibra multi-núcleo na Linha Amarela do Metro. 

 

O projeto arrancou no terreno há dois meses, após uma primeira fase de investigação e de captação de investimento, tendo um prazo de execução até final do ano. 

 

Na segunda-feira, vai ser inaugurado apenas o primeiro troço, servido por um cabo com 74 fibras óticas multi-núcleo, 64 com quatro núcleos e as restantes com sete núcleos, totalizando 326 canais de transmissão de dados.

 

Estes cabos atingem 728 quilómetros de extensão, que representam 28 voltas completas ao longo dos 26 quilómetros de anel, uma vez que a Linha Amarela tem 13 quilómetros entre a estação do metropolitano em Odivelas e a estação do Largo do Rato.

 

À primeira vista, pode não parecer nada de estimulante para o cidadão comum, mas o professor Jorge Costa, vice-reitor do ISCTE, dá conta de que “99% da informação que as pessoas recebem no telemóvel, na televisão, ou noutro tipo de dispositivos, viaja em fibra óptica. Quando essa utilização se massifica, os riscos aumentam e a sobrecarga de dados requer mais fibra. Não existindo mais fibra, os dados entopem os cabos,  tal como o colesterol nas veias”.

 

É esse tipo de problemas que esta experiência pretende ajudar a resolver. Pela primeira vez, será possível analisar o desempenho da transmissão de dados através desta nova geração de fibra em condições reais, replicadas pelo ambiente adverso de uma linha de metro. 

 

O investigador adianta que, a correr bem, terá todas as hipóteses de ir para o mercado, por revolucionar um sector dominado pelas gigantes tecnológicas americanas e chinesas. Mas, antes de chegar ao mercado, explica Jorge Costa, é preciso fazer a standartização do tipo de fibras, para se desenvolver equipamentos e protocolos - o que vai demorar -, até o seu uso ser validado com certificação internacional.

 

Para Jorge Costa, o melhor retorno seria o ISCTE tornar-se um balão de ensaios, passando a ser o centro deste tipo de testes no futuro, quer para a comunidade académica internacional, quer para as próprias empresas que atuam neste domínio, nomeadamente as grandes operadoras de telecomunicações, ou tecnológicas, uma vez que este novo tipo de cabo oferece 16 vezes mais a capacidade do que os atuais.

 

Para além das fibras de nova geração, doadas pelo Heraeus Covantics, o valor do projeto é de 2,3 milhões de euros, sendo 588 mil euros de verbas europeias, através do Programa Lisboa 2030, e o restante de verbas próprias do ISCTE.

 

Ana Maria Ramos

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