Renault Alpine em versão elétrica. Marca promete mais dois novos modelos

27-05-2025

A Alpine, da Renault, está a dar os primeiros passos na mobilidade elétrica com o A290, uma variante mais larga, mais desportiva, mais potente e mais leve do Renault 5. A marca promete ainda lançar, até final de 2026, mais dois novos modelos 100% elétricos.

Desde os primeiros tempos, em meados dos anos 1950, que o fundador Jean Rédélé, ao modificar o Renault 4CV na sua oficina em Dieppe, na Normandia, tinha algumas preocupações de base, que ainda hoje são característica dos Alpine: reduzir peso, assegurando dessa forma mais agilidade e boas prestações.


Ora, o peso é um sério problema nos elétricos. Partindo da base do Renault 5 E-Tech, a Alpine conseguiu que o A290 GTS pesasse quase menos 50 kg que o 5 com bateria e equipamento equivalente. Contas feitas, o A290 GTS pesa 1.479 kg, um valor bastante aceitável para um 100% elétrico deste segmento.


Desde os primeiros quilómetros ao volante do A290 GTS notamos essa ligeireza pouco habitual em veículos elétricos, algo que, em boa verdade, já é uma das notas positivas do Renault 5. O A290 tem, ainda assim, outros argumentos: motor elétrico no eixo dianteiro com 220 cv e 300 Nm de binário, 6,4 segundos dos 0 aos 100 km/h, 170 km/h de velocidade máxima e uma bateria de 52 kWh que, bem gerida e com muita calma no pé direito, pode chegar - diz a marca - aos 380 km de autonomia.


Bem mais importante, o chassis surge afinado pela Alpine, com vias 60mm mais largas, suspensões específicas, sistema de travagem Brembo herdado do irmão mais velho A110, sendo que o controlo dos travões by-wire, sem ligação física entre o pedal e o sistema hidráulico, funciona particularmente bem, sem que se note uma transição clara entre a travagem regenerativa e a entrada em cena das pinças Brembo.


O resultado é um pequeno desportivo com uma dianteira incisiva, fácil de inserir em curva e um eixo traseiro solto o quanto baste para garantir diversão, eficácia e controlo. Aliás, o equilíbrio entre agilidade e estabilidade é um dos trunfos deste A290 GTS, que só perde a compostura se provocado para lá dos limites do bom senso. Se abusarmos do acelerador à saída de curvas lentas, as perdas de tração são ligeiras e facilmente controláveis, o que revela o cuidado que a Alpine colocou na gestão do binário.


No que toca a sistemas de assistência ao condutor (ADAS) o A290 GTS conta com tudo o que é norma atualmente, num total de 26 sistemas diferentes. Nota positiva para o botão My Safety Switch, colocado do lado esquerdo do volante e que permite uma configuração personalizada do ADAS. Quem não for adepto dos alertas sonoros de limite de velocidade ou do sistema de manutenção de faixa, é só carregar no botão.


E porque os olhos também comem, a Alpine fez um profundo trabalho de “decoração” exterior. Por onde quer que passe, o A290 GTS desperta curiosidade, sobretudo nas gerações que cresceram a sonhar com um Renault 5 GT Turbo.


No interior, o volante é a estrela, com clara inspiração na F1. Para lá dos comandos “normais”, que permitem controlar algumas ajudas à condução e a informação que vai aparecendo no painel de bordo, temos um botão rotativo (RCH) que ajusta o nível da travagem regenerativa, um outro botão que altera entre os diferentes modos de condução e, por fim, uma alavanca vermelha que espreita por detrás do braço direito do volante, mesmo ali ao jeito do polegar, e que é identificada com as letras “OV”, de overtake (ultrapassar). Este botão OV, que a Alpine diz ser inspirado na competição e nos videojogos, oferece potência e binário máximos enquanto for pressionado e até 10 segundos, sendo que o sistema demora depois 30 segundos a “recarregar”. O efeito é mais ou menos o mesmo de carregar a fundo no pedal do acelerador em modo Sport, ou seja, não traz grande ganho, é apenas divertido e é um sério candidato ao esquecimento ao fim de meia dúzia de utilizações.

No ecrã central, para lá das funções normais, como a navegação ou o controlo do sistema multimédia, é possível aceder a dados de telemetria - modo Live Data -, como aceleração lateral e longitudinal, potência e binário, potencial de boost do tal sistema OV, pressão e temperatura dos pneus, ou temperatura do motor, bateria e travões. Depois, há mais elementos “importados” dos videojogos, com o A290 GTS a parecer quase uma playstation. É possível seleccionar o modo Coaching, que permite aperfeiçoar temas como a técnica de travagem ou o deslizar do trem traseiro em curva, ou o modo Challenges, no qual entramos decididamente no campo dos jogos, com uma série de desafios e níveis de destreza, força e resistência para conquistar.


Ainda no interior, destaque para os materiais, de boa qualidade, e para o rigor na montagem. Nota negativa para um problema herdado do Renault 5 E-Tech: o espaço disponível nos lugares traseiros. Largura e altura não são problemáticos, mas há muito pouco espaço para as pernas e os bancos dianteiros, demasiado colados ao piso, quase não permitem encaixar os pés. Conclusão, o banco traseiro serve apenas para deslocações curtas se estivermos a falar de passageiros adultos.


Aqui chegados, vamos a preços. O Alpine A290 GTS não é propriamente barato. Começa nos 44.900€, sendo que a versão em teste, entre opções e outras despesas fica já muito perto dos 50 mil euros. O 290 está disponível a partir dos 38.700€ da versão GT, com 180 cv, sendo que a versão GT Performance, com os mesmos 220 cv do GTS, vale 41.900€.

Paulo  Tavares (Texto)

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