É hora de exportar modelos de mobilidade nacionais

Os membros do conselho estratégico do Lisbon Mobi Summit trocaram experiências e partilharam os seus projetos atuais na área da mobilidade urbana. Foi a segunda reunião preparatória da conferência internacional que arranca na próxima semana
Portugal é cada vez mais um centro de excelência para testar soluções de mobilidade que podem ser replicadas noutras geografias. Esta foi uma das ideias partilhadas na reunião do conselho estratégico do Lisbon Mobi Summit, esta quarta-feira, na Câmara Municipal de Lisboa. A Victor Ribeiro, CEO do Global Media Group, coube a abertura dos trabalhos, que trouxeram à tona uma série de projetos inovadores a decorrer nas organizações dos vários parceiros da Lisbon Mobi Summit. A Efacec, por exemplo, está a desenvolver estações de carregamento de veículos elétricos com potência de 350 quilowatt – cerca de 100 vezes mais do que a potência instalada em nossas casas. Para dar uma ideia, esta capacidade permite abastecer em 15 minutos um veículo elétrico para que possa percorrer 400 quilómetros. "A empresa está a trabalhar para reduzir ainda mais o tempo necessário para carregar um veículo elétrico", acrescentou Ângelo Ramalho, CEO da Efacec, líder mundial em carregadores elétricos rápidos. Interessado nesta solução e em fazer parcerias com a Efacec está Luís D´Eça Pinheiro, CMO do Grupo Brisa e administrador da Via Verde Serviços. "A Brisa quer o abastecimento mais rápido possível para quem circula nas autoestradas e está aberta a colaborações." Com o novo campus de Carcavelos da escola de negócios da Universidade Nova, a Brisa tem uma parceria para promover as boleias entre estudantes através da Via Verde Boleias, uma aplicação mobile em que tanto é possível oferecer lugares vagos em carros particulares como pedir boleia a um custo reduzido. O responsável explicou que a estação de serviço de Oeiras é um hub de mobilidade e que "em Lisboa, Porto e Algarve a maior parte das estações de serviços Brisa têm postos de carregamento elétrico." Tiago Farias, presidente da Carris, e que esteve na reunião em representação do vereador da Câmara de Lisboa Miguel Gaspar, está entusiasmado com esta revolução elétrica digital e aguarda expectante a chegada, até ao final do ano, dos cem autocarros elétricos encomendados pela Carris. Há vários bons exemplos de projetos de mobilidade em Portugal com potencial de exportação. Quem o diz é Miguel Eiras Antunes, head da área Futuro da Mobilidade e Smart Cities da Deloitte Portugal. Uma boa oportunidade para mostrar essas soluções é quando o World Economic Forum vier a Cascais em outubro para um workshop que juntará vários importantes players globais desta área. O trabalho da Câmara de Cascais na área da mobilidade é um desses modelos e caso de estudo para outros países que vêm nessa ocasião – o sistema de mobilidade de Cascais, por exemplo, pode ser replicado noutras geografias. Depois, em novembro vai acontecer um mega evento em Barcelona, "o lugar certo para estar", e onde o partner da Deloitte quer ter um stand em que 70% do espaço será ocupado com soluções portuguesas de mobilidade. A Deloitte tem em Portugal um centro de excelência que serve de incubação a muitas ideias portuguesas com o objetivo de serem "vendidas" lá fora. Também a Volkswagen mantém em Portugal um centro de desenvolvimento de serviços digitais, explicou Nuno Serra, diretor de Marketing da Volkswagen. Além desse projeto, a marca está centrada na Moia, uma empresa que integra o grupo Volkswagen desde 2016 e oferece uma série de serviços de mobilidade on-demand. Com sede em Berlim, pretende ser um dos líderes de fornecimento de serviços de mobilidade até 2025. Para que toda esta mudança se dê é preciso pensar em todas as camadas: das infraestruturas à mentalidade, passando pelos serviços diretamente na casa dos consumidores. "O desafio da mobilidade vai além da mobilidade elétrica", defendeu Vera Pinto Pereira, CEO da EDP Comercial, que está a lançar uma plataforma digital que vai facilitar o planeamento da "viagem elétrica": saber a localização dos postos de carregamento no percurso que a pessoa vai fazer naquele dia e, por exemplo, mostrar os ganhos da mobilidade elétrica de forma pedagógica. Outro serviço para o particular é a solução de carregamento em condomínios. Charles Landry, conselheiro para o Futuro das Cidades, falou, em conference call, dos grandes temas emergentes onde Portugal pode ter impacto, como a melhor forma de ligar o mobile com a mobilidade; a economia circular e da partilha; e a "burocracia criativa", o tema de um dos seus livros.Maria João Alexandre