Curitiba fez da mobilidade uma política de Estado”

Conferências
26-09-2025

O prefeito da cidade brasileira, Eduardo Pimentel, explicou os passos que tornaram o seu BRT uma inspiração para mais de 150 cidades em todo o mundo. 50 anos depois, transporta 460 mil pessoas por dia.

Há 50 anos, a cidade de Curitiba, no Brasil, lançou um modelo pioneiro de transporte urbano que ficaria conhecido por BRT (Bus Rapid Transit). Hoje, e após várias evoluções que já integram a era elétrica, o sistema continua a inspirar cidades em todo o mundo e, também, em Portugal. Isso mesmo explicou o prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel, numa declaração gravada na abertura da conferência ‘Porquê o BRT?’, que decorreu há uma semana em Braga. “Mais de 150 cidades, de Bogotá a Istambul, de Jaoanesburgo a Jacarta, usam o BRT inspirado no modelo brasileiro” que foi distinguido pelas Nações Unidas como um bom exemplo de mobilidade eficiente, disse o autarca brasileiro.

Hoje, “os veículos da cidade transportam mais de 460 mil pessoas por dia” numa cidade de tem uma dimensão de cerca de 1,8 milhões de pessoas, mais ou menos o universo da área metropolitana do Porto.

O Instituto de Pesquisa e Planeamento Urbano da cidade traçou as diretrizes para o transporte coletivo ainda no final dos anos 60 e a primeira linha de BRT ganhou vida em 1974”, explicou. Nos anos 80, o sistema seria desenvolvido com a introdução de veículos de grande porte e, posteriormente, foram introduzidos vários níveis de serviço e melhoramentos constantes, como a bilhética eletrónica.

Atualmente, o sistema assenta em várias ‘velocidades’, entre as quais o ‘expresso’, o ‘ligeiro’ e o ‘ligeirinho’, que se adaptam às diferentes distâncias do centro da cidade, com os mais velozes – com menos paragens – a serem os que mais distam do centro e vice-versa.

Uma das características que contribuiu para o sucesso e forte adesão da população ao modelo foi o facto de consistir numa tarifa única, independentemente da distância, e que também traduz o lado mais social do transporte público. Com o gradual alargamento do transporte para distâncias mais longe do centro, isso acarretou novos desafios económicos.

O autarca não esconde que o sistema brasileiro também enfrentou problemas, desafios políticos, resistências de outros interesses conflituantes e sofreu perdas financeiras importantes com a pandemia.

Mas Eduardo Pimentel continua a considerá-lo um modelo de transporte coletivo eficiente e fiável. O desenho do modelo acompanhou o crescimento da área urbana e “aposta na intermodalidade com terminais regionais, metro e ciclovias.”

Há muitas décadas, Curitiba fez da mobilidade uma política de Estado” e é uma estratégia a prosseguir, concluiu Eduardo Pimentel.

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