Isaltino Morais: "O planeamento da mobilidade ao nível do Estado é obsoleto"

Conferências
22-10-2025

Precisamos de uma reforma do Estado, porque o modelo de planeamento urbano é obsoleto, disse Isaltino Morais na abertura do Portugal Mobi Summit. O autarca disse que as decisões em matéria de mobilidade deviam ser tomadas com visão global e articulada nos 16 municípios da Área Metropolitana de Lisboa.

Mais visão global e mais planeamento é, para Isaltino de Morais, a chave para tomar decisões acertadas em matéria de mobilidade, como em tantas outras relacionadas com as cidades. E é isso que está a faltar, disse o presidente da Câmara Municipal de Oeiras, na abertura da conferência do Portugal Mobi Summit, a decorrer estas quarta e quinta-feira, no auditório do IPMA, em Algés.

É preciso que as decisões não sejam tomadas avulso, mas de forma integrada, ao nível global e à escala metropolitana”, disse o autarca que venceu as eleições com maioria absoluta.

Temos um modelo de planeamento obsoleto ao nível do Estado, não pensamos no que devemos fazer, mas no que não devemos fazer”. E, por isso, para resolvermos o problema da mobilidade “é preciso fazer uma reforma do Estado”.

Isaltino de Morais deu como exemplo aquilo que considera ser a inoperância da Área Metropolitana de Lisboa (AML) que, “apesar de existir do ponto de vista orgânico, não tem um órgão de governo, com competências próprias, limitando-se quase a ser uma ssociação de 16 municípios”.

Só há cerca de seis ou sete anos é que os municípios começaram a falar uns com os outros para ter melhores soluções a vários níveis e também ao nível da mobilidade, apontou o autarca. "Até lá estavamos de costas voltadas".

Cada município fala diretamente com o Governo, quando uma maior articulação entre nós permitiria encontrar melhores e mais céleres soluções para os grandes desafios que temos pela frente”.

E um dos maiores dsafios é o da habitação, que está profundamente ligado com a mobilidade. Isaltino lembrou que quanto menos habitação houver nos centros urbanos, para mais longe as pessoas têm de ir viver, o que tem um impacto mais gravoso em matéria de congestionamento de tráfego, emissões de gases com efeito de estufa, custos financeiros e perda de qualidade de vida.

Falando sobre as opções estratégicas que tomou para o município de Oeiras, Isaltino Morais defendeu o princípio da diferenciação e afirmou a filosofia de abertura que o município sempre tem demonstrado perante quem surge a apresentar um projeto. "Não temos medo de errar, experimentamos e aceitamos os desafios". Mas, assumiu que tem de existir uma estratégia: “Não se pode plantar tomates em Oeiras e levar a Google para Barrancos”, sintetizou. Porque estas empresas têm de estar em ambientes onde exista massa crítica, com proximidade com as universidades e centros de investigação, contextualizou. Para captar tudo isso “é preciso uma predisposição para a mudança, que existe e vai continuar a existir em Oeiras”, garantiu o presidente da Câmara Municipal de Oeiras no primeiro da da conferência do Portugal Mobi Summit, uma iniciativa das marcas DN, JN, TSF e Dinheiro Vivo, com a parceria de Oeiras, Parques Tejo, Brisa, Repsol e CEiiA.

 

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