
Metrobus: o “cérebro da mobilidade” que pode revolucionar cidades

Benefícios e desafios dos sistemas de BRT estiveram em debate na sessão promovida no âmbito do Portugal Mobi Summit, em Braga.
Braga, Coimbra, Porto e Oeiras. As quatro cidades encontram-se na linha da frente, em Portugal, da adoção de modelos alternativos de mobilidade, assentes em projetos que utilizam o sistema BRT – Bus Rapid Transit (também conhecido como Metrobus). Cada uma está, contudo, em fases diferentes de execução. Por isso, Olga Pereira, presidente da Transportes Urbanos de Braga, João Marrana, presidente da Metro do Mondego, Tiago Braga, presidente da Metro do Porto, e Rui Rei, presidente da Parques Tejo, do município de Oeiras, falaram, esta segunda-feira, na conferência do Portugal Mobi Summit, em Braga, sobre os respetivos projetos que lideram, sublinhando as suas mais-valias e os desafios com os quais se têm deparado. E há uma garantia comum: os sistemas de BRT têm mais potencial se forem integrados em modelos abrangentes de mobilidade. Podem, mesmo, ser o “cérebro” para revolucionar cidades.
Olga Pereira acredita que o BRT “é a oportunidade para humanizarmos a cidade”. No caso de Braga, o sistema – composto por uma frota de autocarros elétricos, a circular em vias dedicadas – foi escolhido por os estudos encomendados pela autarquia terem indicado que não se justificava uma “solução mais pesada”, como um metro ferroviário. O BRT, frisa a responsável pela Transportes Urbanos de Braga, “vai permitir eliminar sete passagens pedonais, passagens inferiores, e vai permitir repensar o espaço público de uma forma mais agradável”.
Olga Pereira explicou que entende o sistema de BRT como “o cérebro da mobilidade” em Braga. Porque, depois, estão a ser trabalhadas outras soluções que complementarão essa oferta, e que ajudarão a descongestionar o tráfego automóvel no centro, como é o caso da “criação de uma variante circular externa, para evitar que os carros atravessem a cidade”.
Também Rui Rei, da Parques Tejo, defende que “qualquer solução que se implemente no terreno não funciona sozinha” e que é obrigatório que funcione “com o já existente”. Com três linhas em sistema BRT a serem trabalhadas em Oeiras – o novo SATUO, o LIOS e o BRT da A5 –, o responsável frisa que não defende “três diferentes soluções de transportes”, mas sim a “integração”.
No caso de Coimbra, cidade onde o Metrobus já se encontra a funcionar em fase experimental, espera-se que o serviço, quando estiver completamente implementado, “tenha 13 milhões de passageiros por ano”. João Marrana, salienta, contudo, que os autocarros dos SMTUC – Transportes Urbanos de Coimbra – que atualmente servem 12 milhões de passageiros – não deverão perder utentes. Essa não é, pelo menos, a ideia. “Os SMTUC terão de fazer uma reformulação profunda da sua rede. Mas é fundamental haver esta articulação, porque, se não houver, quem perde somos todos nós”, alertou.
Também uma ótica de complementaridade, a Metro do Porto vê o sistema de BRT como um serviço que vai garantir os “mesmos níveis de qualidade” do que o metro. “Trabalhamos com o mesmo rigor nas estações do metro ou do BRT. Se conseguirmos ter um veículo a funcionar dentro daquilo que é a nossa gama de serviço, penso que os clientes querem mesmo é ter essa dimensão. No final do dia, querem conforto, previsibilidade e não terem de andar com 40 cartões para usarem os transportes públicos”, resumiu o Tiago Braga.