“Não enterrem a cabeça na areia. A IA não vai embora e não é um brinquedo”

Conferências
22-10-2025

Cidades inteligentes ou cidadãos inteligentes? A Inteligência Artificial (IA) vai dominar-nos ou ajudar-nos a tomar as melhores decisões? Dentro de meia dúzia de anos, teremos robot humanóides a servir bebidas e o velhinho “Kitt” d’ “O Justiceiro” dos anos 80 será uma realidade. Não vale a pena negar. Há que estar informado para tomar as melhores decisões. Stephen Yarwood, urbanista futurista e ex-presidente da Câmara de Adelaide, na Austrália, abriu o debate, esta manhã, na conferência do Portugal Mobi Summit, uma iniciativa conjunta das marcas JN, TSF, DN e DV.

“Conheci o Stephen (Yardwood) há 25 anos. O que era interessante nele era esta energia, um olhar sempre no que vem aí. Já na altura ele pensava em como ligar as cidades e a tecnologia, as questões éticas, como envolver as pessoas e empodera-las para serem co-criadores das suas próprias cidades”, afirmou Charles Landry, autor e co-curador do Mobit Summit, apresentando Yardwood.

No minuto seguinte, Stephen conquistava a plateia: a mudança é rápida e será, cada vez mais alucinante. “Aprendemos hoje mais numa semana do que os nossos antepassados aprenderam toda a vida”, frisou. Hoje, recordou, todas as tecnologias que existiam no virar do século estão no telemóvel. Muito em breve, estarão dentro do nosso ouvido. A IA vai tornar-se Super-inteligência artificial (SIA): altamente criativa, com conhecimento profundo, capaz de ultrapassar a capacidade humana e de operar autonomamente. “Não é só uma app no telemóvel. Dentro de dez anos, vai estar em todo o lado”, vaticinou.

Stephen acredita mais em cidadãos inteligentes do que em cidades inteligentes. Diz que, numa década, teremos um implante no ouvido – “vozes na cabeça, sem sermos loucos” -, não só capaz de nos indicar a rota, mas de nos dar todas as informações sobre os monumentos que estamos a ver, a distância que percorremos, o nosso batimento cardíaco, os serviços que existem e até antecipar a nossa vontade de tomar café e indicar-nos o espaço mais próximo. Na mobilidade, a partilha será cada vez maior.

Mas, com tanta mudança, que conselho deixar aos decisores? A pergunta do curador da Portugal Mobi Summit, Paulo Tavares, motiva uma resposta rápida do urbanista futurista australiano: “Não enterrem a cabeça na areia. A IA não vai embora e não é um brinquedo. Desenvolve os teus conhecimentos. Precisamos de estar informados para podermos lutar na direção certa, para tomarmos a melhor decisão e colocarmos as questões certas. Isto é tudo sobre ética e educação”.

Mas será que estamos a caminhar na direção certa? “O que temos que fazer é tomar boas decisões na forma como abraçamos a tecnologia para tornar o mundo mais sustentável e mais produtivo”, explica e, por isso, mais uma vez, ter a mente aberta, experimentar e estar informado são palavras de ordem.

É claro que “quando temos microplástico no sangue, o clima está a mudar e usamos roupas feitas no Bangladesh vemos que o mundo precisa de mudar”. A IA pode ser “assustadora”, é “a próxima arma nuclear” e levanta questões até de direitos democráticos, mas ela está aí, a mudança não vai parar e, remata, “podemos usá-la a nosso favor”.

Ana Trocado Marques

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