
“Transportes públicos funcionam muito mal e desencorajam utentes”
Inês de Medeiros, de Almada, rejeita portagens nas novas travessias do Tejo, que considera escandalosas. Já o autarca Paulo Silva, do Seixal reclama passagem à ação no metro sul do Tejo e critica a ausência de Carlos Moedas no conselho metropolitano de Lisboa. Foi no Portugal Mobi Summit, esta quarta-feira, em Algés. O transporte público levou nota negativa.
“Os transportes públicos têm de funcionar melhor, qualquer transbordo é mais longo do que o próprio trajeto e enquanto as pessoas perderem mais tempo no transporte público do que nas filas do carro estamos a perder a batalha do transporte público”. Foi assim que Inês de Medeiros, a presidente da Câmara Municipal de Almada, resumiu as queixas dos seus colegas de painel sobre o Arco Ribeirinho Sul, em que se falou também do alargamento do metro do sul do Tejo.
A autarca aproveitou para rejeitar a ideia de portagens nas novas travessias, porque “a população da margem sul está há deácadas a pagar uma ponte que já está mais do que paga”. E “manter a portagem é escandaloso”, disse. Minutos antes, o secretário de Estado das Infraestruturas tinha sugerido que sem as portagens, tinha dúvidas de que as novas travessias fossem sequer construídas. "Se não houver portagens na terceira travessia do Tejo não haverá quarta travessia", disse.
Contra o estado atual dos meios coletivos de transporte mais vozes se levantaram. “É uma vergonha, o transporte público, metro e Carris está a funcionar mesmo muito mal”, garantiu igualmente José Manuel Viegas, presidente da TIS. E isso não está a convencer as pessoas a abandonarem o automóvel, garantiu.
A discussão sobre se Lisboa deve ou não ter um papel preponderante nas discussões sobre mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa animou também o painel de debate. Se a vereadora recém eleita da Mobilidade de Lisboa, Joana Batista, defendeu que a capital deve assumir essa liderança, já o presidente da Câmara do Seixal, Paulo Silva, criticou Carlos Moedas por não participar sequer no conselho metropolitano de Lisboa. “Nos três anos em que participo como aucarca Carlos Moedas só esteve presente uma vez, fez-se sempre representar por alguém”, disse o autarca do Seixal. Os desafios da Grande Lisboa são complexos e comuns e devem ser resolvidos e planeados à escala metropolitana. “Antes de mais é preciso que haja participação”, disse. (Diga-se que, em Lisboa o pelouro da mobilidade estava a cargo do vice-presidente, do CDS).
Carlos Humberto Carvalho, primeiro secretário da Comissão executiva da AML lembrou, a esse propósito, que neste momento não há nenhuma força política com maioria para poder presidir automaticamente à AML, o que implica ter nove Câmaras e a maioria dos eleitores, pelo que a liderança terá de ser por entendimentos.
Paulo Silva criticou o arrastamento eterno dos projetos para o metro Sul do Tejo. “Os projetos estão feitos, os estudos, mas muda o Governo e tudo cai. Não pode continuar a ser assim, tem de se passar à concretização”, disse o autarca do Seixal. Porque “o projeto do metro Sul do Tejo é da maior relevancia para desenvolver a margem sul, um território com imenso potencial”.