MCA vence primeira concessão do Metrobus de Braga

19-09-2025

A adjudicação da linha vermelha do Metrobus, o sistema BRT - Bus Rapid Transit de Braga, foi atribuída à construtora de Guimarães em concurso público. Trata-se de um investimento de 32 milhões de euros, que terá financiamento do PRR, numa altura em que o município tem 76 milhões da “bazuca europeia” para construir toda a rede.

Para a presidente da TUB - Transportes Urbanos de Braga trata-se apenas do primeiro passo de um projeto mais ambicioso, que ao todo inclui 4 linhas: vermelha, amarela, verde e azul. Olga Pereira afirma que “esta é uma grande ambição, que temos vindo a desenvolver, e uma necessidade que está diagnosticada desde 2019 no nosso Plano de Mobilidade Urbana Sustentável, de ter um transporte de alta capacidade na cidade. Estamos atentos à necessidade de prestar o melhor serviço aos nossos cidadãos, para conseguir que eles troquem as suas viaturas individuais por modos de deslocação mais sustentáveis”.

Olga Pereira lembra que o município trabalha afincadamente nesse processo desde 2021, com uma série de estudos necessários para a sua concretização, mas reconhece que este “é um processo complexo, muito complexo, mas que representa uma ambição fundamental para a cidade, que é ter este tipo de transporte de alta capacidade. Depois de uma série de estudos chegamos à conclusão de que, analisando a relação custo-benefício, o transporte de alta capacidade que melhor se adaptava à nossa cidade era o BRT”.

A presidente da TUB sublinha que o concurso público de concepção-construção envolveu várias empresas e acabou por ter um caderno de encargos exigente, confirmando que a adjudicação, por cerca de 32 milhões de euros, foi atribuída à MCA, uma construtora de Guimarães.

As vantagens do BRT vão estar em debate na próxima segunda-feira, dia 22 de setembro, numa iniciativa do Portugal Mobi Summit que marca o fim da semana europeia da mobilidade, no auditório do Centro da Juventude de Braga.

A cidade vai ter várias unidades BRT, no fundo autocarros de alta capacidade, com uma extensão de 18 metros, que vão circular em faixas dedicadas em 80% do percurso, sendo que fora dessas zonas o Metrobus terá sempre prioridade semafórica.

Para a responsável máxima pela mobilidade urbana da cidade dos Arcebispos, “o BRT é um meio de transporte eficaz, fiável, que não nos vai deixar ficar mal no serviço aos utentes. Vai ter uma frequência de 6 em 6 minutos. Vai ser extremamente confortável e vai estar dotado de tecnologia de última geração, incluindo acesso à internet dentro dos autocarros. O Metrobus vai suprir os atrasos a que normalmente os autocarros estão sujeitos na rede regular e permitir montar uma operação regular a partir do estudo realizado sobre este meio de transporte e redefinir a rede de maneira a torná-la mais eficaz”.

O primeiro troço desta concessão será a linha vermelha, que liga a estação da CP ao hospital, passando pela Universidade do Minho e que, por imperativo contratual, terá que estar pronta até junho do próximo ano. Olga Pereira garante que “o plano é mais ambicioso e passa pela construção de uma rede de 4 linhas, sendo o PRR apenas a oportunidade de dar início a este projeto que tem que ter um sistema de funcionamento em rede e não pode funcionar de forma isolada, só como uma linha, porque só assim o tornará efetivamente competitivo”.

Ainda sem orçamento definido ou prazos fixados, a futura rede BRT de Braga inclui outras três fases. A segunda passa por construir a linha amarela, que vai ligar a estação ferroviária à avenida Robert Smith. A terceira e quarta fases têm prevista a construção das linhas verde e azul, com ligações ao espaço da Nova Arcada e do hipermercado E.Leclerc, prevendo a criação de parques de estacionamento que permitirão aos utentes estacionarem as suas viaturas, de forma segura e confortável, e apanharem o Metrobus para qualquer parte do centro da cidade. 

Olga Pereira esclarece ainda que “a futura linha amarela está pensada para ter ligação ao futuro BRT que vai ligar Guimarães a Braga e também à estação ferroviária da alta velocidade, que, de acordo com aquilo que está previsto, deverá começar a sua construção em 2028 e terminar em 2032, e está dependente do seu financiamento”.

Neste momento, Braga tem cerca de 76 milhões de euros para criar as infraestruturas necessárias à viabilidade do projeto, como apoios de manutenção, oficinas, veículos e estações. Este é um valor que leva Olga Pereira a crer que “se a maior parte da infraestrutura for construída nesta primeira fase, irá suportar toda a rede necessária para o funcionamento do BRT e aliviar os custos  das próximas três linhas a construir”.

A responsável pela mobilidade na cidade de Braga conclui ainda que “o BRT também representa uma oportunidade para fazermos cidade! Para corrigir uma série de fraturas e cicatrizes urbanas que vêm do passado. E, portanto, isto vai permitir-nos humanizar a cidade”.

Em jeito de balanço de mandato, adianta ainda que “a equipa está a fazer um trabalho enorme para tentar que os nossos cidadãos façam esta transformação modal. Somos uma cidade bastante centralizada e sabemos que 40% das 70% de pessoas que saem de casa de carro todos os dias de manhã o fazem para percorrer uma distância inferior a 3 km. Por isso, consideramos que é fácil, ou relativamente fácil, fazer essa distância em modos alternativos de deslocação. Temos insistido muito em criar condições para que as pessoas caminhem e para que andem de bicicleta”.

A esse propósito recorda a criação de uma série de ciclovias urbanas em via dedicada, outras em coexistência, para que a cidade seja utilizada como uma “sala de espera dos munícipes” e seja um espaço privilegiado para socializar, com atividades comerciais e de lazer, além do investimento realizado quer no transporte escolar, com o pedibus, ou o ciclo-expresso, com o schoolbus. Acredita ainda que, por esta via, “a cidade será capaz de diminuir a poluição, melhorar a qualidade do ar e de vida para todos nós”. 

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