
Bruxelas faz marcha atrás nas metas e cede a lobby de motores a combustão

A Comissão Europeia abandonou a meta de ter em 2035 só carros elétricos, ou movidos a hidrogénio e fixou agora a fasquia nos 90%, cedendo aos fabricantes de motores a combustão, ou híbridos.
Bruxelas abandonou a meta dos 100% de carros elétricos em 2035. Dentro de 10 anos passa a ser obrigatório apenas uma redução de 90% das emissões de gases poluentes, sendo os restantes 10% compensados com a utilização de biocombustíveis, E-Fuels e aço de baixo carbono, produzidos na União Europeia, por decisão tomada a 16 de dezembro. A Comissão Europeia propôs e o Parlamento Europeu aprovou.
Bruxelas, considera que esta compensação vai permitir que veículos hibridos, continuem a ser vendidos após 2035, desde que os fabricantes compensem as emissões de carbono.
Com esta medida que chama de “Pacote Automóvel” pretende também responder aos apelos de alguns construtores automóveis europeus para a UE simplificar regras e oferecer à industria maior flexibilidade no cumprimento de metas de dióxido de carbono, bem como, apoio a veículos e baterias fabricados no espaço europeu.
Mas nem toda a industria está alinhada com este pedido feito por parte da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis e de outros grupos de interesse do sector.
Na véspera da decisão, alguns fabricantes de veículos elétricos, incluindo a Polestar, realizaram uma marcha silenciosa à frente do edifício da Comissão Europeia, em Bruxelas, numa caravana de viaturas que levou a mensagem “Still Committed, Still Eletric”.
Durante essa manifestação, o líder da Polestar alertou para os riscos da marcha atrás da decisão da UE nesta matéria.
Michael Lohscheller avisou que um veiculo a combustão fabricado em 2035, poderá continuar a poluir vinte anos depois e que reduzir a meta de 100% para 90% pode parecer um detalhe, mas é um recuo, que não prejudica apenas o clima, mas também prejudica a competitividade da Europa.
“A eletrificação é a chave para garantir prosperidade e empregos nas próximas décadas. A inversão deste curso terá o efeito oposto, pois prolongará a vida útil de indústrias obsoletas apenas por alguns anos, enquanto o resto do mundo avança. As soluções elétricas já existem e estão a ser amplamente adotadas. A Europa não tem um problema de procura, tem um problema de confiança” adiantou.
O gestor garantiu que a marca que lidera tem na eletrificação, o único caminho possível, dizendo não aos motores de combustão e reafirmando o compromisso total com a eletrificação que considera ser irreversível, mesmo na transição da industria automóvel na Europa.









