Viajar numa autoestrada será uma experiência de lazer

2018
10-01-2018

Viajar de carro na A1 para ir de Lisboa ao Porto promete ser, em breve, uma experiência muito diferente. Não só pelo tipo de veículo, cada vez mais elétrico, partilhado e autónomo, mas também pelos serviços que passarão a estar disponíveis ao longo do percurso na autoestrada. Essa é a opinião de Eduardo Ramos, CEO da A-to-Be, a empresa do grupo Brisa que desenvolve a tecnologia da Via Verde e outras soluções com reconhecimento internacional. "Viajar vai tornar-se cada vez mais uma experiência de lazer, em que os veículos, conectados a várias plataformas digitais, permitirão assistir a filmes, trabalhar ou ver, ler e ouvir notícias." Isto porque "as pessoas serão gradualmente libertadas da tarefa da condução". É o que já acontece nos EUA, onde a condução autónoma é uma realidade em evolução, tanto ao nível do transporte empresarial como particular. Embora a legislação ainda não preveja essa possibilidade na União Europeia, Eduardo Ramos não hesita em afirmar que "a condução autónoma vai ser uma realidade e vai começar a a banalizar-se em torno de 2025". As autoestradas do futuro serão, tal como os próprios veículos, mais elétricas (com postos de carregamento mais frequentes), partilhadas (as viagens serão cada vez mais em modo de partilha em veículos que podem não ter a forma de carros) e conectadas. Uma das possibilidades que já existe e é operacionalizada pela Amazon é, por exemplo, encomendar uma lista de compras no início de um trajeto e agendar a entrega num ponto algures ao longo de uma autoestrada. O mesmo se pode aplicar, por exemplo, à entrega de uma refeição. Como serão então as autoestradas do futuro? Eduardo Ramos considera que "as auto estradas serão menos carbonizadas e terão soluções cada vez mais sofisticadas para comunicar com os clientes, por via digital". Hoje, as autoestradas já têm um modo de comunicar através, por exemplo, das bandas sonoras, que indicam quando um condutor distraído ou sonolento pisa as linhas divisórias. Podem vir a desenvolver-se outras formas de comunicação nomeadamente ao nível da segurança, um ponto importante para o grupo Brisa. O líder da A-to-Be sublinha que as novas hipóteses de lazer não podem colocar a segurança em risco. No futuro, "haverá sistemas dentro do próprio veículo que podem emitir alertas", antevê Eduardo Ramos. Hoje em dia já existem, aliás, automóveis de gama alta que bloqueiam uma ultrapassagem quando o sensor deteta um veículo em sentido contrário a uma velocidade não compatível com uma manobra em segurança. Os novos conceitos da mobilidade elétrica e partilhada são mais facilmente assimilados pelos grupos etários mais baixos, os chamados millennials, com idades abaixo dos 25 anos. Neste grupo possuir um automóvel não está no topo das prioridades, preferindo até soluções de partilha como conceito. São justamente estes jovens, criados na era digital, que estão a chegar ao mercado de trabalho e para os quais as empresas criam novos serviços e soluções que têm em conta a sua cultura de mobilidade, muito diversa da dos seus pais. A- to-Be vende tecnologia para EUA e Holanda Os Estados Unidos e a Holanda são dois países que compram a tecnologia desenvolvida pela A-to-Be para as suas autoestradas. Em causa está o sistema da Via Verde, que foi pioneiro na década de 90, com a introdução do sistema automático de pagamento. "Um mercado que ainda tem potencial de crescimento, tendo em conta que nos Estados Unidos as pessoas ainda pagam a portagem atirando moedas para um cesto", refere o CEO da A-to Be, Eduardo Ramos. A empresa, detida em 75% pela Brisa, vende serviços aos clientes da Brisa e a empresas gestoras de autoestradas, assim como operadores de transportes, parques de estacionamento ou operadores de bike sharing. Lembrando que a Via Verde esteve na linha da frente da interconectividade das autoestradas, Eduardo Ramos refere que a empresa continua a "comparar bastante bem com as suas congéneres europeias e internacionais" em matéria de inovação tecnológica. Para se manter na dianteira, a Brisa criou a Grow Mobility, uma espécie de acelerador de startups, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento de novas soluções tecnológicas na área da mobilidade, mas também de beneficiar desse movimento criativo. Tendo em conta que este tipo de empresas na área das tecnologias de informação surge de empreendedores muito jovens, eles estão mais próximos do novo segmento de consumidores, os jovens que acabam de ingressar no mercado de trabalho. "Não ignoramos os ensinamentos que estes jovens têm para nos dar e, em conjunto, contribuímos para criar soluções cada vez mais ajustadas aos consumidores do futuro."

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