A mobilidade do futuro é mais ecológica e mais micro

2022
01-06-2022

Usar as bicicletas e trotinetes carregadas a energia solar para distâncias curtas são algumas das cinco novas tendências de micromobilidade identificadas num estudo da empresa canadiana PBSC

 

O futuro da mobilidade assenta num pilar fundamental: menos pegada carbónica e mais espaços verdes, pensados para serem usufruidos por pessoas e não por carros. Nessa linha, as cinco principais tendências da micromobilidade nestes dois próximos anos, segundo o levantamento feito pela canadiana PBSC -  uma das principais empresas mundiais em novas soluções urbanas de transporte - passam necessariamente por bicicletas, trotinetas e carros elétricos, por veículos elétricos partilhados, por energias alternativas como a solar e também por centros de mobilidade (“mobility hubs”) que facilitam a vida a quem trabalha na cidade e quer usar a bicicleta e o comboio no quotidiano, para dar apenas um exemplo. 

A pandemia da covid-19 e a expansão do teletrabalho contribuiram para uma maior adesão a estas novas formas ecológicas de mobilidade mas também para um maior receio do transporte urbano coletivo que tem vindo a ser refletido em melhores soluções ao nível dos horários, rotas, acessibilidades e interligações.

Por toda a União Europeia, há vários países que estão a fazer tudo para atingir a neutralidade carbónica, a “net zero”, até 2030, numa corrida contra o tempo liderada pelas soluções de micromobilidade. Portugal não é exceção. Este ano, o Fundo Ambiental do Governo dá apoios estatais que subiram para 4 mil euros por veículo elétrico ou 1500 euros para bicicletas de carga. Em Lisboa, a autarquia aprovou transportes públicos gratuitos para jovens e estudantes residentes até aos 23 anos e para os idosos e vai incluir ainda este ano a rede de bicicletas elétricas GIRA no passe metropolitano Navegante; em Cascais os transportes públicos são gratuitos para os residentes há dois anos e até já está em circulação um veículo autónomo; o Porto renovou este ano o programa de transportes grátis para jovens dos 13 aos 18 anos que residem ou estudem na cidade. Em simultâneo, nestas urbes alargam-se espaços de ciclovias, redes de bicicletas e trotinetas elétricas, estações de carregamento para carros elétricos. De Amsterdão a Oslo, de Paris a Copenhaga, de Lisboa a Madrid, de Berlim a Nova Iorque, a marcha da micromobilidade parece imparável. O futuro veio para ficar.

Interfaces de Mobilidade

Os “hubs” de mobilidade nas áreas urbanas propõem alternativas fáceis e atrativas aos carros particulares, combinando vários pontos de acesso aos diferentes transportes urbanos. Estes “hubs” ou interfaces de transporte integram a micromobilidade partilhada (como as bicicletas e scooters) com transporte público rodoviário e ferroviário, acesso a ciclovias, carregamento de veículos elétricos e até pontos de embarque/desembarque de veículos partilhados. Quando bem planeados e cuidadosamente integrados em áreas urbanas densas das grandes cidades, os centros de mobilidade atuam como uma força motriz para reduzir o congestionamento do tráfego, os gases de efeito estufa e incentivar uma maior equidade social, garantindo que todos os passageiros tenham acesso à sua escolha de transporte, independentemente de terem ou não um carro.

Estações e carregamento multimodal

A ideia por detrás da multimodalidade na micromobilidade partilhada é colocar estações de bicicletas e scooters nas principais áreas urbanas, perto do metro, do comboio e de transportes rodoviários. Estações multimodais integradas em hubs de mobilidade para transporte público facilitam o uso de várias formas de transporte alternativo e sustentável para pessoas que vão ao trabalho, à escola, para ver amigos ou fazer compras. Em cada um desses pontos, as pessoas podem pegar numa bicicleta, apanhar um autocarro ou ter acesso a uma ciclovia. 

MaaS (Mobilidade como Serviço). 

À medida que as cidades inteligentes reinventam o transporte público para incluir sistemas de micromobilidade partilhados, mais e mais aplicações de transporte público refletem a importância da novidade do MaaS (mobilidade como serviço). Os utilizadores precisam apenas de uma app conveniente para aceder às várias formas de planear viagens e deslocações com facilidade, desde rotas de autocarros até ao aluguer de bicicletas. 

 

Bicicletas elétricas

De Montreal ao Mónaco, do Dubai a Barcelona, ​​de Valença ao Rio de Janeiro, cada vez mais cidades cosmopolitas integraram as bicicletas elétricas nas suas frotas com grande sucesso: das 500 milhões de viagens feitas em todo o mundo em bicicletas PBSC até hoje, 14 milhões estavam em e-bikes, e 8.000 das e-bikes E-FIT e BOOST da empresa canadiana circulam em 15 cidades em todo o mundo. Perfeitas para deslocações diárias (mesmo em climas quentes e terrenos montanhosos), as e-bikes permitem que os moradores e os turistas se desloquem pela cidade facilmente, sem muito esforço e sem depender de um carro. E com a dose diária de exercício garantida, mesmo com o pedal assistido. 

Carregamento Solar

A mobilidade movida a energia solar é um foco de tendência da indústria. Afinal, pense nos benefícios das opções de micromobilidade partilhadas com energia solar e neutras em relação ao clima, seja para ir ao trabalho, explorar novas zonas da cidade ou ir ao supermercado. É no mercado de partilha de bicicletas que entram os sistemas de e-bike movidos a energia solar.

  

A PBSC referiu o sucesso do seu projeto piloto na cidade de Aspen, Colorado (EUA), em parceria com a WE-cycle e a Skyhook Solar, onde as smart stations movidas a energia solar da PBSC e 25 das bicicletas E-FIT foram adicionados à rede (que desde 2013 também conta com bicicletas ICONIC). Operado pelo ciclo WE, o sistema terminou agora o seu primeiro ano de carregamento totalmente movido a energia solar. Nas paisagens montanhosas de Aspen, as e-bikes são exemplos ideais de mobilidade sustentável.

Rute Coelho

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