Corredor BRT da A5 pode vir a servir automóveis com mais do que três pessoas

Conferências
22-10-2025

O futuro da mobilidade na zona Ocidental da Área Metropolitana de Lisboa (AML) esteve em análise na primeira mesa-redonda do Portugal Mobi Summit. Mas as soluções de “Bus Rapid Transit”, com corredores dedicados para autocarros elétricos, estão a demorar a avançar, ainda que autarquias, operadores e gestores de infraestruturas estejam alinhados. No caso da A5, apelou-se ao Estado celeridade na renegociação do contrato de concessão com a Brisa.

O projeto BRT (“Bus Rapid Transit”) da A5, que prevê a criação de um corredor dedicado a autocarros elétricos que facilitem as deslocações entre Cascais, Oeiras e Lisboa, pode vir a servir, também, automóveis que transportem mais do que três passageiros. Pelo menos, durante as horas de ponta. Essas e outras alternativas – como a permissão de circularem nessa nova via motociclos – estão a ser estudadas pelas entidades envolvidas. Mas, para que o projeto passe dos estudos à prática, é imperativo que o Governo renegocie com a Brisa o contrato de concessão da autoestrada. A empresa coloca em cima da mesa, inclusive, a hipótese de financiar a operação.

“No final do dia, trata-se de uma opção do Estado, que acreditamos que beneficiará as pessoas que vivem neste eixo, a médio-longo prazo. A Brisa está disponível para fazer parte da solução, para construir o BRT, mediante a renegociação do seu contrato de concessão”, deixou claro Manuel Melo Ramos, administrador executivo do Grupo Brisa. O responsável adiantou, ainda, que o projeto “pode não implicar dinheiros públicos” e ser feito “através da extensão do contrato geral” da concessão.

Terminar com o desespero de quem, diariamente, utiliza a A5, que liga Lisboa a Cascais, e captar mais utilizadores para os transportes públicos é o objetivo primordial do BRT, que prevê a construção de um corredor “colado” à autoestrada. “Esse corredor não tem de servir, exclusivamente, os autocarros. Podemos testar outras experiências, como, por exemplo, poder ser utilizado por todos os automóveis que, nas horas de ponta, circulem com mais do que três pessoas”, avançou Nuno Piteira Lopes, presidente eleito da Câmara Municipal de Cascais. Também a utilização daquela via por parte de motociclos – que, segundo Nuno Piteira Lopes, “são um perigo a atravessar pelo meio dos carros” – está a ser equacionada. “Como não vai haver autocarros uns atrás dos outros, em fila até ao seu destino, temos de aproveitar as oportunidades”, explicou o autarca, atualmente vice-presidente da autarquia.

Afastando as críticas de quem defende outro tipo de solução para a mobilidade na zona Ocidental da AML, Rui Rei, presidente da Parques Tejo, empresa municipal de Oeiras, frisou que “cada tipologia de transporte se adequa à realidade existente”. O município tem, aliás, outros projetos assentes no sistema de BRT, como o LIOS (Linha Intermodal Ocidental Sustentável), para ligar Oeiras a Lisboa (Alcântara e Benfica), e o novo SATUO, que pretende fazer uma ligação ecológica entre Paço de Arcos e Massamá. No que aos acessos à capital diz respeito, Rui Rei foi perentório: “É impensável achar que vamos continuar a permitir em Lisboa um crescimento automóvel de 10 ou 15%”. “Precisamos de uma oferta de transportes públicos que tenha previsibilidade, fiabilidade e conforto e que as pessoas confiem nessa oferta”, sublinhou.

Mas, afinal, quando é que o BRT da A5 pode ser uma realidade? “Entre a decisão e o fazer, quatro a cinco anos. Por isso, temos de conseguir trabalhar ainda no curto-médio prazo”, alertou Rui Lopo, administrador da Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML). Para o responsável, “não devemos esperar pela solução ótima”, porque “temos boas soluções no terreno e temos de continuar a trabalhar para que elas possam surtir efeito”. No final da sua intervenção, Rui Lopo quis deixar uma solução imediata, enquanto as restantes não avançam: “Se renovarmos frota, se tivermos os preços relativamente baixos, ou justos, para o serviço que é oferecido, e se continuarmos a dar prioridade ao transporte coletivo, vamos conseguir que haja mais gente a utilizá-lo. Isso é um dado irrefutável, com as taxas de crescimento que temos”. Até porque, realçou, “na área Ocidental, incluindo Sintra, na Carris Metropolitana já são transportadas 753 mil pessoas por dia”, o que se aproxima a “200 milhões de passageiros por ano”.

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