
Tomas Malango: "A eletrificação não vai contra os veículos a combustão"
De acordo com o diretor de Combustíveis Renováveis e Economia Circular na Repsol, "as duas têm que ser parte da solução". O responsável salienta a capacidade de produção de biocombustíveis que a empresa detém e o contributo que estes podem dar no processo de transição energética.
No que diz respeito à transição energética, "a eletrificação não vai contra os veículos a combustão. As duas coisas têm que ser parte da solução que precisamos na mobilidade e na indústria", de acordo com Tomas Malango, diretor de Combustíveis Renováveis e Economia Circular na Repsol.
A garantia foi deixada na Portugal Mobi Summit, que decorre em Algés. O segundo dia do evento está a ter lugar nesta quinta-feira, 23 de outubro. De acordo com o responsável, seria errada a ideia de que temos que "escolher uma coisa ou a outra".
A Repsol é uma das gigantes do setor que está a fazer este caminho e, por isso, tem uma extensa aposta em SAF (combustível sustentável para aviação) e HVO (óleo vegetal hidrotratado), dois biocombustíveis que permitem reduzir emissões de carbono, um dedicado à aviação e o outro à mobilidade, respetivamente. Neste âmbito, a empresa conta com uma fábrica em Cartagena (Espanha), que está ativa desde 2024, com a capacidade de produzir 250 mil toneladas de HVO. Está em construção uma outra, em Puertollano, que deverá estar ativa em 2026, para produzir até 200 mil toneladas de HVO.
A título de exemplo, diz, "uma fábrica com capacidade de produção de 250 mil toneladas de HVO tem uma capacidade de redução de emissões equivalente a todos os veículos 100% elétricos que temos em Espanha", salienta Tomas Malango. O preço ascende a 250 milhões de euros, num valor que, comparado com as subvenções atribuídas aos veículos elétricos, "é fácil perceber que [o projeto da Repsol] custa menos", sendo que aquelas fábricas foram construídas "sem subvenção, com dinheiro da empresa".
Tomas Malango lembrou ainda que a transição energética está em curso por todo o mundo, de tal modo que o investimento que envolve "é o dobro do que se faz em energias convencionais". Um dado que dá força à ideia de que a transição energética é uma tendência cada vez mais presente nas economias, nas empresas e nas pessoas, de acordo com a explicação. Nesse sentido, "veio para ficar".
De qualquer forma, "ainda temos uma quantidade de dióxido de carbono não podemos eliminar a um custo aceitável para a sociedade", pelo que é necessário equilibrar. O responsável diz ainda que a sustentabilidade envolve "três elementos", que são inseparáveis. "Toda a gente fala da dimensão ambiental, mas também há uma dimensão social", que passa pelo acesso a água e energia. Ao mesmo tempo, existe um lado "económico, porque as pessoas precisam de ter emprego e a possibilidade de melhorar a sua vida", aponta, no sentido em que é preciso olhar para as três vertentes antes de serem iniciadas mudanças de escala.
Neste âmbito, a Repsol quer substituir o "hidrogénio cinzento", que é produzido com recurso a combustíveis fósseis, já que esta decisão é "o caminho do negócio de hidrogénio". Malango sublinha a "aposta clara na produção de energia" limpa, habitualmente conhecida como hidrogénio verde.
Tomás Gonçalves Pereira









