
“Encurtar distâncias para salvar vidas” através de drones
Drones que transportam medicamentos urgentes, antídotos, vacinas e até órgãos para transplantes. Aeronaves desse tipo estão a ser desenvolvidos pela Eliot, uma “spin off” do CEiiA, que os apresentou, no final do primeiro dia do Portugal Mobi Summit, esta quarta-feira, em Algés.
“Encurtar distâncias para salvar vidas”. É esse o lema da Eliot, uma “spin off” do CEiiA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto, que está a desenvolver três produtos destinados à área da logística, essencialmente no campo médico. O objetivo é utilizar frequentemente drones, em Portugal, para transportar medicamentos urgentes, antídotos, vacinas ou, eventualmente, órgãos humanos. Para José Folhadela Furtado, Business Development Manager da Eliot, “o céu não é o limite, mas sim o começo”.
“Pegámos na experiência que tínhamos no CEiiA, nos engenheiros de aeronáutica e outros engenheiros que tratam de projetos de mobilidade, e criámos esta equipa especializada em abordar soluções atuais e projetos em contextos reais de emergência médica”, explicou o representante da empresa portuguesa, que se encontra a trabalhar com parceiros como o Hospital de São João, a empresa logística Rangel, a Força Aérea e outras autoridades.
Os três diferentes tipos de produtos que estão a ser desenvolvidos encontram-se em diferentes fases de maturação. Mas, para já, a utilização quotidiana de drones com carga ainda se vislumbra limitada. Tudo porque não está criado, recordou José Folhadela Furtado, o chamado “U-space”, o sistema de gestão de tráfego que permitirá um controle aéreo mais eficaz. “Sou piloto certificado na categoria específica. Ou seja, para poder voar com drones dentro das cidades. Existem vários tipos de missões e a categoria específica deixa-nos conseguir utilizar drones para voar dentro das cidades com carga, ainda que seja dentro da linha de vista. Isso, hoje, já é possível fazer. Não é possível fazer muito mais, porque ainda não foi criado o ‘U-space’”, contextualizou o representante da Eliot. Atualmente, os drones só podem voar com carga em situações pré-determinadas, com rotas pré-definidas e volumes de contingência. Segundo José Folhadela Furtado, “não vemos mais drones a voar no dia-a-dia porque, neste momento, só é possível fazê-lo em situações de emergência”.
A Eliot tem em desenvolvimento o ET15, destinado a logística médica e militar, um drone com autonomia de 100 quilómetros e com capacidade de carga até 15 quilos, criado em parceria com o Hospital de São e com a Rangel. Depois dos testes, o objetivo é que seja submetido à EASA (Agência Europeia para a Segurança da Aviação), para poder operar em Portugal, noutros países da União Europeia e, mais tarde, nos Estados Unidos. José Folhadela Furtado adiantou que a aeronave foi pensada “para unir hospitais, polos de vários centros hospitalares e para unir o litoral e o interior” do país, “seja para medicamentos, antídotos ou, eventualmente, órgãos”.
O Casta é segundo drone em elaboração. Desenhado, inicialmente, para gerar vento suficiente que permitisse destruir as geadas que afetam o setor vitivinícola, pretende servir também as áreas médica e militar. Tem um alcance de 30 quilómetros. Por último, a Eliot está a desenvolver a UATracker, “um software que nos dá uma visão 360 da nossa operação e gestão de frota para operadores” e que, detalhou José Folhadela Furtado, vai “indicar aos operadores quando é que têm de substituir baterias, hélices ou fazer manutenções mais a fundo nas suas aeronaves”.
O objetivo da empresa, de acordo com o seu representante, é utilizar as soluções de mobilidade aérea avançada que estão a ser criadas para beneficiar as cidades e os seus serviços. E as vantagens já estão a ser testadas. No âmbito de um projeto europeu de um consórcio entre vários países, por exemplo, está a ser desenhada a utilização do rio Douro como corredor aéreo para ligar várias partes da cidade, num trabalho conjunto com a Santa Casa da Misericórdia que prevê a entrega de medicamentos, semanalmente ou em casos de emergência. Está em curso, igualmente, um projeto-piloto para unir, por via área, os polos do Porto e de Valongo do Hospital de São João, assim como outro, que pretende fazer voos entre o Funchal e Porto Santo, na Madeira, também para entrega de medicamentos.