CEIIA lança drone “Salva-Vidas” na Portugal Mobi Summit

Notícias (geral)
21-10-2025

O CEIIA - Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto, sediado em Matosinhos desenvolveu a startup Eliot para operacionalizar o drone “Salva Vidas” que numa primeira versão designa de ET15, por ter capacidade de percorrer 100 kms de forma autónoma com uma carga até 15 quilos e está já em testes e a fazer entregas entre o Hospital de São João no Porto e a operadora logística Rangel e vai ser apresentado no Portugal Mobi Summit - dias 22 e 23 de outubro, no auditório do IPMA, no Passeio Marítimo de Algés.

Este novo veiculo autónomo pode transportar sangue, medicamentos ou órgãos, mesmo em situações de catástrofe natural, ou guerra, está em teste numa primeira versão com capacidade de carga até 15 quilos, daí abreviar a designação para ET15,  com um  sistema aéreo avançado aplicado à emergência médica e entrega de mercadorias urgentes, confirma Helena Silva, diretora de tecnologia do CEIIA e uma das oradoras da edição deste ano do Portugal Mobi Summit. 

 

A criação da startup Eliot permitiu operacionalizar esta aeronave não tripulada, que além da capacidade de carga até 15 kg, e do alcance de 100 km, atinge uma velocidade de cruzeiro de 120 km/h e pode aterrar e descolar verticalmente,  possuindo uma asa fixa que permite distâncias mais longas.

 

O objetivo é melhorar o acesso a zonas mais remotas e de difícil acesso por meios convencionais, como o transporte de antídotos, órgãos humanos ou medicamentos de urgência, ainda busca e salvamento e a entrega de bens essenciais a locais isolados e em situações de catástrofe.

 

Mas o  CEIIA não está sós neste consórcio. Conta com a ajuda do 4LifeLAB num projeto que prevê ainda a construção do primeiro vertiporto hospitalar do país, cujo concurso público já foi lançado e tem um leque de vários produtos em desenvolvimento, alguns em fase avançada,  na área dos sistemas urbanos de mobilidade aérea e terrestre, sendo que muitos evoluíram de ideias de engenharia iniciadas há cerca de duas décadas.

 

O CEIIA está também a desenvolver o BEN,  um veículo 100% neutro em carbono para circular em meio urbano, com uma série de funcionalidades para premiar utilizadores com créditos de utilização, estimulando a descarbonização. O BEN está equipado com tecnologia 5G e é um dos símbolos da agenda mobilizadora Be.Neutral .

 

Depois do protótipo testado em Guimarães, nesta altura está em fase de fabrico uma mini série até final do ano, para depois começar a produção em escala em 2026 e já em negociações com vários países europeus.

 

Trata-se de um  pequeno e-car, um carro elétrico a que chamam “first of a kind” porque foi desenvolvido de raiz, de uma forma integrada, entre uma plataforma digital, que o CEIIA chama de espírito, por ser expansível para novas funcionalidades, com o que chama de físico, que é toda a estrutura  visível, simples e modular, para poder ser customizado a qualquer serviço de mobilidade, como por exemplo, pagar a fatura da eletricidade, ou de telecomunicações, ou um novo serviço de condomínio. 

 

Helena Silva sublinha que este “é um veículo que gera mobilidade para as pessoas e em função das necessidades das pessoas, que também foi desenhado para ser industrializado, de forma descentralizada na Europa e já está em fase de desenvolvimento, com negociações a decorrer em Itália, Espanha e França para conseguir parceiros de industrialização. Aqui, o objetivo é também que  chegue ao mercado de diferentes formas e que seja o primeiro que quantifique e valorize as emissões evitadas no seu uso, anulando assim a pegada de carbono no seu processo de fabrico. Portanto, onde os utilizadores têm a consciência de quanto mais utilizarem, mais estão a compensar a pegada na produção.”

 

Esta responsável adianta que, neste momento, o veículo está em fase final de homologação para produção de uma pequena série, ainda este ano, e deseja lançar a produção no próximo ano, já com parceiros internacionais e “prepará-lo para ser industrializado em vários locais da Europa. Com isto, estamos a colocar a nossa cadeia de valor nacional neste carro e esperamos que seja uma resposta aos desafios que a indústria europeia está a passar neste momento.”

 

Estas são as novidades de projetos na área da mobilidade urbana que de certa forma derivam de outros projetos anteriores, como o Flow.me, o “carro-voador” apresentado ao mundo na Web Summit de 2017 e que valeu um consórcio com a Takever, já com protótipo desde 2023.

 

No que chama de área de Urban Air Mobility, o CEiiA começou na indústria automóvel, mas depressa evoluiu para a indústria aeronáutica, uma vez que as competências e as tecnologias usadas numa indústria, são também usadas na outra.

 

Apesar dos modelos industriais serem diferentes, Helena Silva conta que iniciaram esse percurso com o Leonardo Helicopters em 2009 e que “tivemos muito envolvidos com o muito conhecido KC390, que nos permitiu hoje também sermos um player de referência nesta indústria.

 

Esta responsável acrescenta ainda que o Flow.Me é, “no fundo, a integração entre a mobilidade horizontal e a mobilidade vertical, que foi um carro drone. Uma plataforma autónoma com um habitáculo e como um drone, o objetivo era voar, mas ter capacidade de fazer pequenas entregas nas cidades, para diminuir tempos e custos até de encomendas urgentes”.

 

Um projeto mais tarde apresentado na 1ª Conferência Internacional de Flying Electric Cars em 2018 e também nesse ano, na primeira Conferência sobre Urban Air Mobility, organizada e sediada nas instalações do CEIIA, envolvendo os principais centros de investigação e desenvolvimento na Europa.

 

Eventos que Helena Silva diz terem permitido, mais tarde, “desafiar várias entidades nacionais, quer as universidades, quer também a indústria, e iniciar um novo consórcio que acabou por se chamar FlyPT, liderado pela Tekever, que levou à criação, há 2 anos, do primeiro protótipo.” 

 

Ao nível da mobilidade aérea urbana, o CEIIA quer continuar a voar nesse percurso, que tem passado por criar capacidade e desenvolver consórcios, para desenvolver novos produtos. Ao nível dos serviços criou ainda a Mobi.me, a primeira spin-off baseada numa plataforma de integração de serviços de mobilidade operada em várias cidades e empresas, que permite uma panóplia de aplicações, incluindo a gestão da rede pública de carregamentos de veículos elétricos, a Mobi.e, ou a partilha das scotters e.Cooltra, ou a gestão do Ecoelétrico de Curitiba, do Ecomob de Brasília e da Mobicascais, entre outras.

 

Quanto ao espaço, o CEIIA está envolvido no desenvolvimento da Constelação Atlântico, um projeto europeu com fabrico de mini satélites sediado em Portugal, para integrar o sistema de Observação da Terra. O Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto considera que este é o maior projeto no setor aeroespacial da história de Portugal, com origem numa parceria ibérica e que a sua implementação será um trunfo decisivo para uma Europa mais segura, soberana e competitiva.

 

Nesse sentido, juntou-se à Força Aérea Portuguesa e à GEOSAT para a criação do consórcio CTIA Aeroespacial, o novo Centro de Tecnologia e Inovação (lançado a 29 de setembro numa cerimónia presidida pelo ministro da defesa em Monsanto) e dessa parceria já resultou o LUS-222, a primeira aeronave desenvolvida, fabricada e comercializada em Portugal, com capacidade de transportar até 19 passageiros, ou 2700 kg para missões de evacuação médica, busca e salvamento, ou outras que representem risco, graças à sua rampa traseira.

 

No fundo, trata-se de uma aeronave regional ligeira destinada a operadores de aviação civil e militar, que ao lado do SAR (Radar de Abertura Sintética), que através de novos satélites, permitirá uma vigilância permanente do mar, das costas portuguesas e de todo o território, num importante apoio na gestão de emergências, representando em conjunto o primeiro programa aeronáutico completo em Portugal.

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